Redação Pragmatismo
Política 02/Abr/2022 às 14:30 COMENTÁRIOS
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Procuradoria reconhece fake news de Flávio contra Lula, mas não o pune

Publicado em 02 Abr, 2022 às 14h30

Procuradoria-Geral Eleitoral reconhece que Flávio Bolsonaro publicou fake news contra Lula, mas descarta punição. Filho do presidente espalhou montagem grosseira em que Lula diz ter sido possuído pelo demônio

Procuradoria fake news Flávio Bolsonaro contra Lula não pune
Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom | ABr

A Procuradoria-Geral Eleitoral afirmou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que um vídeo publicado nas redes sociais pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que sugere que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria dito ter sido possuído pelo demônio pode ser enquadrada como fake news, mas se posicionou contra a imposição de punição ao parlamentar. A informação é da Folha de S.Paulo.

O vídeo postado nas redes sociais pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma montagem cujo objetivo é passar a impressão de que Lula diz que estava “falando com o demônio” e que o “demônio estava tomando conta” dele.

Confira: Bolsonaristas editam vídeo para parecer que Lula disse que foi possuído por demônio

A PGE reconheceu que a gravação foi editada para prejudicar a imagem de Lula. “Costuma-se associar esse tipo de procedimento ao conceito de fake news”, afirmou o órgão.

Na postagem em questão, o senador pedia que seus seguidores nas redes sociais marcassem os líderes religiosos que acompanham e enviassem a eles o vídeo de Lula.

O parlamentar também transcreveu a seguinte afirmação do ex-presidente: “Eu estou falando com o demônio e o demônio está tomando conta de mim“. O discurso editado do petista, que é candidato a presidente da República, ocorreu em agosto de 2021 na Bahia.

A manifestação assinada pelo procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, que é indicado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras para o cargo, disse que não ficou comprovado que a publicação ocorreu no “contexto” das eleições nem que ela tenha afetado a “integridade do processo eleitoral”.

Por isso, deu parecer contra a ação que cobrava uma punição a Flávio por propaganda eleitoral negativa antecipada e o pagamento de indenização ao petista.

“Produzir ou reproduzir fake news não será sempre necessariamente assunto da competência da Justiça Eleitoral. Para que assim seja, há de estar presente ou o conteúdo eleitoral ou o ataque à integridade do processo eleitoral”, escreveu Paulo Gonet.

Ele afirmou ainda que o “político vitimado pela trucagem” —​neste caso Lula— “dispõe de tempo e de recursos para desmentido público, restabelecendo a verdade dos fatos e expondo táticas repulsivas empregadas por adversários do mundo político“.

No parecer, o procurador mencionou o fato de a representação do PT não ter indicado quando a postagem foi publicada e por quanto tempo ficou no ar para que se pudesse aferir “a potencialidade danosa do fato”.

Leia também: Joice admite que publicou vídeo falso de Lula bêbado; Constantino também divulgou

Gonet diz que não há “pedido expresso de não voto” e cita as disputas políticas que costumam opor os envolvidos no processo.

Há, sem dúvida, relação com disputas ideológicas que há muito estremam os personagens dos autos; não está evidenciado, todavia, o conteúdo eleitoral relevante para o bem jurídico tutelado pela norma de direito eleitoral“.

Além de Flávio, a representação do PT também se volta contra o vereador bolsonarista de Cascavel (PR) Romulo Quintino. A Procuradoria se posicionou contra a punição dos dois. Na ação, o PT pedia uma indenização de 25 mil reais.

Com Carta Capital e Folhapress

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