Redação Pragmatismo
Saúde 27/Mai/2021 às 11:08 COMENTÁRIOS
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Boris Johnson queria ser inoculado com o coronavírus em transmissão na TV, diz ex-assessor

Publicado em 27 Mai, 2021 às 11h08

Revelações de ex-braço direito de Boris Johnson repercutem no mundo. Hoje adepto da Ciência, premiê era negacionista e acreditava na “imunidade de rebanho”. Ele afirmou que a Covid era “como catapora” e que as pessoas deveriam fazer “festas de catapora” para espalhar mais rapidamente o vírus. Boris chegou a pedir a médico que o inoculasse com o coronavírus ao vivo, na TV, “para que todos percebam que não há nada para se temer”

Boris Johnson queria ser inoculado com o coronavírus em transmissão na TV, diz ex-assessor
Alexander Boris de Pfeffel Johnson (Imagem: Hollie Adams | Reuters)

Dominic Cummings, ex assessor-chefe do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, atacou a gestão do governo no combate à pandemia de covid-19. Em sabatina do Comitê de Ciência e Saúde do Parlamento britânico, ele acusou o ex-aliado de tomar decisões desastrosas que teriam levado pessoas a morrerem em circunstâncias horríveis. Cummings foi ouvido por sete horas nesta quarta, 26.

Em depoimento, Cummings afirmou que o governo foi lento em sua resposta inicial à pandemia, acumulando erros que podem ter custado vidas. Entre eles, o primeiro-ministro teria dito que a Covid-19 seria apenas uma história para causar medo, comparou o vírus com o H1N1, causador da gripe suína e, para acalmar a população, considerou contrair o coronavírus ao vivo, em rede de televisão. “As pessoas não receberam o tratamento que mereciam”, afirmou o ex-aliado do governo.

Em fevereiro de 2020, quando os primeiros casos da doença foram registrados no Reino Unido, o premiê estaria de férias esquiando. Em março, impôs o primeiro lockdown nacional e, um mês depois, foi infectado por covid-19 e chegou a ser internado. Para Cummings, o enfrentamento da pandemia naquele período foi caótico e “parecido com um filme fora de controle”.

Em dezembro do ano passado o Reino Unido iniciou uma campanha de vacinação em massa, que vem reduzindo a quantidade de novos casos registrados, mas ainda amarga o maior número absoluto de vítimas por covid na Europa – com 128 mil mortes.

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Em resposta, Johnson afirmou que lidar com uma pandemia nesta escala foi terrivelmente difícil. “Tentamos, em todas as fases, minimizar a perda de vidas, salvar vidas, proteger (o serviço de saúde) e seguimos os melhores conselhos científicos que pudemos“, disse. O governo reconhece que terá de responder a perguntas sérias em um futuro inquérito público.

Responsável pelo Brexit, campanha bem-sucedida que separou a Grã-Bretanha da União Europeia, Cummings ganhou terreno na gestão do premiê britânico e se tornou seu principal conselheiro. Mas após deixar o cargo em novembro passado em meio a um cabo de guerra de poder na gestão, assumiu uma postura crítica. Entre as acusações, afirma ainda que o governo acreditava que medidas de lockdown gerariam um posterior aumento de mortes e que a população deveria adquirir “imunidade de rebanho”. O governo nega que esta tenha sido uma política adotada.

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Sem apresentar evidências, Cummings também criticou o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, acusando-o de mentir ao público e dizendo que ele deveria ter sido demitid”. Hancock também será ouvido pelo Parlamento no mês que vem.

Após o terceiro decreto de lockdown, o Reino Unido reduziu em 79% a média móvel de novos casos da doença e dois terços dos adultos já receberam a primeira dose da vacina. Com a imunização avançada, Johnson assume uma postura mais cautelosa, enquanto inicia um processo de reabertura.

Agência Estado com AP e AFP

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