Redação Pragmatismo
Economia 27/Fev/2019 às 19:53 COMENTÁRIOS
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Eduardo Bolsonaro fala tudo o que você queria ouvir sobre a Reforma da Previdência

Publicado em 27 Fev, 2019 às 19h53

Eduardo Bolsonaro critica a Reforma da Previdência em vídeo que viralizou nas redes sociais

Eduardo Bolsonaro Reforma da Previdência
Eduardo Bolsonaro (Imagem: Sylvio Costa/Congresso em Foco)

“Eu sou contra a Reforma da Previdência. Primeiro, é necessário que cobremos dos grandes devedores. Enquanto isso não for feito, não haverá moral para que o Congresso analise essa proposta. Além disso, é necessário ressaltar que a nossa Previdência é superavitária. Ou seja, ela não dá prejuízo. Até quando a gente vai botar o trabalhador, principalmente o funcionário público para pagar essa conta?”

A declaração acima é do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho de Jair Bolsonaro, e está registrada em vídeo. O conteúdo viralizou nas redes sociais nesta quarta-feira (27) [ver abaixo].

O vídeo teria sido gravado em 2017, quando o parlamentar posicionou-se contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Michel Temer.

No entanto, as críticas de Eduardo também se aplicariam ao projeto de reforma da Previdência apresentado por Paulo Guedes e Jair Bolsonaro, já que a atual proposta não ataca nenhum dos pontos mencionados pelo deputado no vídeo e chega a ser ainda mais dura para os trabalhadores que a de Michel Temer.

Com o pai no Palácio do Planalto, a tendência é que Eduardo permaneça convenientemente em silêncio até onde puder, para não ter que explicar por que “mudou de ideia” em um período tão curto.

O próprio Jair Bolsonaro, como já mostramos aqui, foi obrigado a fazer essa travessia que incompatibiliza discurso e prática.

“Aprovar uma reforma da previdência com 65 anos é, no mínimo, uma falta de humanidade”, disse ele, também em 2017. E agora, não é falta de humanidade que o seu projeto também apresente a mesma idade mínima que tanto criticou?

Com menos de três meses de governo, as dissimulações da família Bolsonaro ainda não surtiram efeito sobre a maior parte do seu eleitorado, mas a pesquisa CNT/MDA revelou que cerca de 8% das pessoas que votaram no capitão reformado já admitem arrependimento.

Nas redes sociais, a deputada Jandira Feghali compartilhou o vídeo de Eduardo Bolsonaro e acrescentou o seguinte comentário: “Eduardo Bolsonaro desde 2017, pelo que parece, já era contra a Reforma da Previdência! Bom saber, parlamentar! Concordo com você que o Brasil precisa cobrar a dívida gigantesca para suprir o fundo previdenciário!”.

Reforma atinge vulneráveis

Ao contrário das promessas de que a reforma da Previdência afetaria apenas os “privilégios”, a proposta de Bolsonaro eleva de 65 para 70 anos a idade em que idosos em condição de miserabilidade possam pleitear o benefício de assistência social no valor de um salário mínimo mensal.

A proposta de Reforma da Previdência de Michel Temer trouxe, inicialmente, a mesma sugestão de Jair Bolsonaro – que idosos pobres poderiam pleitear o benefício não mais aos 65, mas aos 70 anos.

Com a pressão dos parlamentares e da sociedade, o relator na Câmara dos Deputados baixou para 68 – com um regra de transição que aumentaria a idade nos próximos anos. E, enfim, a última proposta mantinha os 65.

A expectativa de vida no Brasil aumentou e tende continuar aumentando, bem como os índices de sobrevida após os 65 anos. Mas segue muito difícil para os mais pobres com 65 anos ou mais conseguirem um emprego ou mesmo um bico decente.

Mais prejuízos

As mudanças pretendidas pelo governo de Bolsonaro nas aposentadorias traz ainda outros prejuízos aos trabalhadores. O projeto também vai restringir o pagamento do abono salarial, benefício destinado aos trabalhares que têm carteira assinada e baixa renda.

Hoje esse benefício – originário do PIS/Pasep – é pago anualmente aos trabalhadores que recebem até dois salários mínimos por mês. Mas pela proposta será pago somente a quem ganha até um salário mínimo.

O resultado será que 23,4 milhões de trabalhadores devem perder o benefício anual, correspondente ao valor de um salário mínimo, atualmente em R$ 998.

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