Redação Pragmatismo
Lula 19/Dez/2018 às 21:38 COMENTÁRIOS
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Generais fizeram reunião de emergência para discutir possível soltura de Lula

Publicado em 19 Dez, 2018 às 21h38

Alto Comando do Exército reuniu-se em caráter de emergência para discutir liminar que colocaria Lula em liberdade. Não foi a primeira vez que os generais se debruçaram sobre uma decisão que beneficiaria o ex-presidente

alto comando do exército Lula
(Imagem: O Comandante Eduardo Villas Boas, ao centro, em reunião do Alto Comando do Exército Brasileiro)

O Alto Comando do Exército Brasileiro se reuniu em caráter de urgência, por videoconferência, para discutir a decisão liminar do ministro do STF, Marco Aurélio Mello, que permitiria libertar presos em segunda instância, entre eles o ex-presidente Lula.

As informações foram reveladas pelo portal UOL. Um oficial informou que a reunião teve caráter “proativo” e não “reativo”, ou seja, uma ação dos militares para definir o caso.

O Alto Comando é um colegiado de 15 generais subordinados ao comandante Eduardo Villas Boas. Parte deles fica em Brasília e parte nas principais unidades militares espalhadas pelo país, os comandos de área.

Dois generais ligados ao Alto Comando disseram ao portal que os militares acreditavam que a decisão de Mello poderia ser derrubada pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli. A expectativa seria concretizada minutos depois.

Toffoli é considerado uma espécie de servil dos militares. Seu assessor especial no STF é o general Ajax Porto Pinheiro, que foi colocado no posto para controlar os passos do ministro na Suprema Corte, com o objetivo de que suas decisões atendam a determinados interesses.

Antes, quem ocupava o cargo de assessor especial de Toffoli era o general Fernando Azevedo e Silva, que saiu do posto para assumir o ministério da Defesa no governo de Jair Bolsonaro.

Militares versus Lula

No dia 4 de abril, quando o STF julgou e negou pedido de habeas corpus preventivo de Lula — ele seria preso três dias depois –, o Alto Comando se reuniu de forma semelhante para acompanhar o resultado.

Um dia antes, o comandante Eduardo Villas Boas publicou em sua conta no Twitter uma nota de repúdio à impunidade (relembre aqui).

Villas Boas não mencionou o nome de Lula, mas essas duas ações foram interpretadas na época como uma tentativa de exercer pressão no resultado do julgamento.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em novembro, Villas Boas comentou o episódio de abril e disse que em sua gestão precisava “ter o domínio da narrativa” em meio a diversas declarações de militares da reserva. “Sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse”, disse ele.

As manifestações da alta cúpula do Exército em decisões que envolvem Lula revelam que o ex-presidente é figura que os preocupa e, mais ainda, mostram como os militares exercem atualmente poder sobre os rumos políticos e jurídicos do Brasil — mesmo que não estejamos vivendo oficialmente sob um regime ditatorial.

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