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Michel Temer 26/Fev/2018 às 12:58 COMENTÁRIOS
Michel Temer

“Intervenção no Rio de Janeiro é uma jogada de mestre”, diz Michel Temer

Publicado em 26 Fev, 2018 às 12h58

Presidente Michel Temer diz que intervenção militar no Rio de Janeiro foi “jogada de mestre”, mas garante que não será candidato em 2018

“Intervenção no Rio jogada de mestre Michel Temer

Giselle Santos, Congresso em Foco

A polêmica que envolve a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro não parece preocupar o presidente Michel Temer. Muito pelo contrário. Em entrevista à Rádio Bandeirantes na manhã desta sexta-feira (23), o emedebista classificou a medida – que passa o comando geral das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e do sistema carcerário do Rio de Janeiro para um interventor, o general Walter Braga Netto – como uma “jogada de mestre”. Ainda assim, ele afirmou que a iniciativa não tem nenhum objetivo eleitoral, e ressaltou que não será candidato à reeleição.

É uma jogada de mestre, mas não é eleitoral. Eu sou candidato a fazer um bom governo. Eu tenho dito reiteradamente que em política as circunstâncias é que ditam a conduta. Minhas circunstâncias ditam minha conduta. Eu não sou candidato”, disse o presidente, que conta com apenas 1% das intenções de voto segundo pesquisa do Instituto Datafolha.

Temer apontou ainda que não tem receio em ficar sem o foro privilegiado. Segundo ele, as “conspirações de natureza moral” usadas para tentar tirá-lo do poder não foram fáceis, mas mostraram o seu “prestígio no Congresso Nacional”. Alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suspeitas de irregularidades no Decreto dos Portos, o presidente foi categórico: “Não tenho nenhuma preocupação com essas denúncias pífias”.

Desde que assumiu o cargo, Temer tem repetido que não disputará as eleições presidenciais de outubro. Não é o que dizem os seus aliados. Após reunião da Executiva do MDB, na última quarta-feira (21), o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), declarou que Temer “é uma opção do MDB para ser candidato a presidente da República, se ele assim o entender”. Já o marqueteiro de Temer, o publicitário Elsinho Mouco, afirmou que o emedebista apostou todas as suas fichas na intervenção federal, ganhando uma “grande chance” de sonhar com a reeleição. “Ele já é candidato”, avaliou. “A vela está sendo esticada. Agora começou a bater um ventinho”.

Intervenção total

Na entrevista à Rádio Bandeirantes, Temer revelou que uma intervenção federal total chegou a ser cogitada no Rio de Janeiro. Nesse caso, o próprio governador do estado, Luiz Fernando Pezão (MDB), seria afastado do cargo. A possibilidade, segundo Temer, foi descartada por ser considerada “muito radical”. “Cogitou-se num primeiro momento [a intervenção total], mas logo afastei a ideia. Seria uma coisa muito radical e logo refutei. Ficamos com a conclusão que deveríamos intervir na área de segurança pública”, relatou.

O emedebista elencou algumas atribuições do novo Ministério da Segurança Pública. O nome do ministro da recém-criada pasta deverá ser anunciado na próxima segunda-feira (26). “Esse ministério vai coordenar, fazer reuniões permanentes com governadores, secretários de segurança. Hoje, os órgãos de inteligência não se comunicam entre si”, justificou.

Temer negou ainda que o governo tenha intenção de criar um novo imposto para financiar a segurança pública. “Não haverá imposto nenhum para a segurança. Não há essa intenção do governo. Isso já foi declarado pelos meus ministros, e agora declaro publicamente”, pontuou.

Previdência na pauta

O presidente da República também reiterou sua intenção de continuar a discutir a reforma da Previdência no Congresso, suspensa por se tratar de uma emenda à Constituição, caso os objetivos da intervenção federal no Rio de Janeiro sejam alcançados antes do dia 31 de dezembro, prazo estabelecido no decreto assinado pelo emedebista.

Para ele, a reforma saiu da pauta legislativa, mas não da pauta política do país. “Vamos dizer que chega setembro ou outubro e cessa a intervenção. Você tem espaço para votar emenda. Aí sim entra a emenda da Previdência. A emenda da Previdência não saiu da pauta, ela saiu da pauta legislativa, mas não da pauta política do país. Não haverá candidato que não será questionado sobre a posição com relação à Previdência”, completou Temer.

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