Redação Pragmatismo
Notícias 09/Set/2025 às 15:45 COMENTÁRIOS
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Menina de 11 anos morreu após ser agredida por colegas da escola em PE, mas tragédia não para por aí

Publicado em 09 Set, 2025 às 15h45

Alícia Valentina tinha apenas 11 anos. Sobreviveu à violência covarde de colegas, mas não à negligência médica. Duas vezes buscou socorro, duas vezes foi descartada, mesmo apresentando sintomas graves

Alícia Valentina
Alícia Valentina

Por Ana Oliveira e Felipe Borges | Pragmatismo Político

A Polícia Civil investiga a morte de Alícia Valentina, de 11 anos, vítima de uma agressão brutal dentro da Escola Municipal Tia Zita, em Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco. A menina teve morte cerebral confirmada no Hospital da Restauração, no Recife, no último domingo (7).

Segundo o boletim de ocorrência, Alícia foi interceptada e agredida por cinco colegas no banheiro da escola, na quarta-feira (3). Entre os agressores, está um menino cujo nome não foi divulgado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Atendimento médico em sequência de falhas

A violência foi seguida de uma sucessão de erros no atendimento médico. Após a agressão, Alícia foi levada ao hospital municipal com sangramento no nariz, mas recebeu alta sem exames adequados.

Em casa, voltou a apresentar sintomas — sangramento pelo ouvido e, depois, vômito com sangue. A família a levou novamente a unidades de saúde locais, mas em ambas as ocasiões ela foi liberada.

Somente quando o quadro se agravou, com hemorragias intensas, foi transferida para o hospital regional de Salgueiro, a uma hora de distância. De lá, encaminhada ao Hospital da Restauração, no Recife. A essa altura, no entanto, já chegou em morte cerebral.

No atestado de óbito consta como causa “traumatismo cranioencefálico produzido por instrumento contundente” — o que indica que Alícia provavelmente foi atingida na cabeça com um objeto.

Dor e revolta da família

A mãe descreveu Alícia como uma criança doce, tranquila, sem histórico de conflitos na escola. O pai, em choque, declarou que exige justiça e teme que os responsáveis repitam a violência contra outras crianças.

Um parente, que preferiu não se identificar, acusou a escola de negligência no acompanhamento. Segundo ele, embora o socorro inicial tenha sido prestado, nenhum representante da instituição acompanhou a menina até receber alta, deixando a família desamparada.

A Prefeitura de Belém do São Francisco foi procurada para comentar a falta de assistência, mas não respondeu até a última atualização desta reportagem.

Investigação e cobranças

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da agressão e identificar todos os envolvidos. Os responsáveis legais dos agressores devem ser chamados a prestar depoimento nos próximos dias.

Enquanto isso, a morte de Alícia expõe não apenas a violência crescente dentro das escolas, mas também a crônica negligência médica que ainda marca o sistema público de saúde no Brasil. A tragédia poderia ter tido outro desfecho se o atendimento adequado tivesse sido prestado desde o primeiro sinal de gravidade.

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