Redação Pragmatismo
Mundo 18/Mar/2022 às 10:51 COMENTÁRIOS
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Ucrânia estimula violência contra jornalistas: ‘Devem ser atacados’

Publicado em 18 Mar, 2022 às 10h51

Governo Zelensky estimula que soldados e milicianos ucranianos "ataquem qualquer pessoa que estiver em área controlada pelo Exército russo, inclusive jornalistas". Assessor de imprensa das Forças Armadas justificou que 'jornalistas de verdade' estão apenas do lado ucraniano do conflito

jornalistas guerra Ucrânia
Jornalistas na guerra da Ucrânia na região de Kyiv (Imagem: Carlos Barría/Reuters)

Na última quarta-feira (16), o assessor das Forças Armadas ucranianas em Kiev, Vladimir Fito, publicou um post nas mídias sociais no qual estimulava soldados e milicianos em áreas de combate a atacar qualquer pessoa em área controlada pelo Exército russo, mesmo aqueles com identificação de imprensa.

“Defensores do povo! Dirijo-me a vocês com um grande pedido. Se encontrarem alguém com um colete escrito PRESS [imprensa], não se trata de um jornalista real, porque não é credenciado em nosso Exército. São só propagandistas perigosos. O título de jornalista não se aplica a eles, que devem ser atacados.”

A manifestação do assessor de imprensa vem na sequência da morte de três jornalistas em uma semana. No domingo (13), o documentarista americano Brent Renaud foi morto em Irpin após cruzar um posto de controle. Dois dias depois, jornalistas que trabalhavam para o canal Fox News, o cinegrafista americano Pierre Zakrzewski e a produtora ucraniana Oleksandra Kuvshinova, foram mortos a poucos km de onde Renaud foi atacado.

O governo ucraniano foi rápido em responsabilizar o Exército russo pelas mortes, mesmo que, no caso de Renaud, as circunstâncias apontem que ele tenha sido assassinado pelas forças da Ucrânia.

As afirmações enviadas a todo instante pelo governo ucraniano não podem ser confirmadas a tempo por jornalistas independentes. As imagens produzidas pelo governo, porém, circulam rapidamente nas mídias sociais e, muitas vezes, até mesmo sem qualquer checagem, nos sites dos principais jornais do mundo.

Ex-diretor do Facebook e acadêmico em Stanford, Alex Stamos disse ao The New York Times que as empresas de mídia social “simplesmente tomaram partido”. “Isso deixa bastante evasiva a verdade por trás de algumas narrativas de guerra, mesmo que as contas oficiais e os meios de comunicação compartilhem.”

“Uma das principais características da guerra é a importância da opinião pública. Uma vez que o país dito mais fraco não teria como vencer o poderio militar do inimigo, a opinião popular torna-se o principal alvo”, afirma Maria Eduarda Dourado, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Estadual da Paraíba.

VEJA TAMBÉM: Ucrânia admite que soldados em ilha isolada não morreram

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