Redação Pragmatismo
Saúde 17/Mar/2020 às 21:35 COMENTÁRIOS
Saúde

Médica que tratou 1º paciente morto pelo coronavírus no Brasil faz desabafo

Publicado em 17 Mar, 2020 às 21h35

Infectologista que acompanhou de perto primeira morte confirmada por coronavírus no Brasil faz desabafo e dá orientação às pessoas

morte coronavírus brasil

Vinicius Lemos, BBC

A infectologista Carla Guerra faz um apelo. “Estamos muito preocupados. Reforcem as medidas de proteção e se cuidem”, diz em tom de desabafo.

O pedido é feito pela profissional após acompanhar por seis dias o caso do primeiro brasileiro que teve a morte confirmada em razão do novo coronavírus.

O paciente de 62 anos, que não teve a identidade divulgada, tinha diabetes e hipertensão. Ele começou a sentir os sintomas da Covid-19, doença causada pelo vírus, em 10 de março. O homem procurou atendimento médico, os sintomas pioraram e ele morreu dias depois.

Ele não tinha histórico recente de viagem ao exterior e não teve contato com nenhum paciente doente. Desta forma, o caso dele é considerado transmissão comunitária — quando não se sabe a origem do vírus.

O homem morava na capital paulista. São Paulo é o estado com mais registros do novo coronavírus no Brasil: até esta terça-feira eram 164 casos confirmados — em todo o país são 314.

Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sancta Maggiore, no bairro do Paraíso. Na mesma unidade, segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, há outras quatro mortes de idosos suspeitas de coronavírus — os exames ainda não foram concluídos.

“Apesar de não termos o resultado antes, considerávamos o caso dele suspeito para o novo coronavírus desde que ele deu entrada no hospital”, explica Guerra, que acompanhou o paciente desde a entrada dele na unidade de saúde.

O homem era considerado caso suspeito para novo coronavírus por apresentar sintomas como febre alta, tosse e problemas respiratórios.

Desde o primeiro atendimento, segundo Guerra, toda a equipe médica que acompanhou o paciente adotou os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) orientados pelo Ministério da Saúde: gorro, máscara N95, luvas, aventais descartáveis e óculos protetores.

Ele chegou com sintomas considerados leves. Mas logo se agravaram e foi encaminhado para a UTI. Os parentes dele, ao menos até o momento, não apresentaram sintomas do novo coronavírus, porém serão monitorados.

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo orientou que o enterro do paciente seja com caixão lacrado. O velório será com restrição para poucas pessoas, apenas as mais próximas.

O corpo não foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), para evitar que mais pessoas possam ser expostas ao vírus. Ele será encaminhado diretamente do hospital para o cemitério.

Após a morte e diante das outras quatro mortes suspeitas de relação com o novo coronavírus, Guerra faz um alerta. “A única forma de se prevenir dessa epidemia é que todo mundo fique em casa. É importante permanecer em casa, sem nenhum encontro social”, desabafa a infectologista. “Peçam para as empresas fazerem home office. Poupem os idosos de exposições”, declara.

Para evitar a propagação do vírus, Guerra orienta que as pessoas devem seguir medidas de higienização: lavar as mãos com frequências, usar álcool em gel e evitar aglomerações.

“É preciso reforçar as medidas de proteção pessoal neste momento. Se todo mundo ficar doente ao mesmo tempo, não teremos serviço de saúde para atender à demanda”, afirma.

Acompanhe Pragmatismo Político no Instagram, Twitter e no Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS