Redação Pragmatismo
Barbárie 18/Jun/2019 às 21:59 COMENTÁRIOS
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Empresário que arrastou vendedora de balões tem identidade revelada

Publicado em 18 Jun, 2019 às 21h59

Empresário chegou na delegacia dirigindo sua Mercedes avaliada em R$ 220 mil e disse que tudo não passou de uma "brincadeira". Mulher que estava no banco do passageiro também prestou depoimento. Vendedora de balões quase perdeu a vida no episódio

empresário William Wesley Lelis Vieira
O empresário William Wesley Lelis Vieira chegou na delegacia dirigindo o mesmo Mercedes-Benz branco da noite do crime (arquivo)

A Polícia Civil de Taguatinga (DF) divulgou a identidade do empresário que arrastou, em seu carro de luxo, uma idosa que vendia balões de gás hélio nos arredores de uma festa junina na noite do último sábado (15).

O nome do proprietário da Mercedes-Benz é William Wesley Lelis Vieira. Acompanhado do advogado, ele se apresentou à 12ª Delegacia de Polícia, na tarde desta terça-feira (18), dirigindo o automóvel avaliado em R$ 220 mil.

O empresário de 34 anos entrou pela porta dos fundos para não ser fotografado. No depoimento, William Wesley alegou que ele e uma amiga estavam saindo de uma festa quando viram a vendedora e resolveram comprar os balões.

Segundo o delegado Paulo Henrique de Almeida, que investiga o crime, o empresário disse que queria comprar três balões, que custariam R$ 30, “mas só tinha R$ 25, por isso fechou o vidro”.

“William Wesley disse que fez uma ‘brincadeira’ ao fechar o vidro e arrancar com o carro sem pagar os balões”, disse o delegado Paulo Henrique de Almeida.

A mulher que estava com o empresário também prestou depoimento e repetiu a mesma versão. Reforçou que tudo não passou de “uma brincadeira”. Ela tem 28 anos.

Os três balões foram puxados para dentro do carro pela mulher que sentava no banco do passageiro. Os produtos estavam amarrados aos outros, que por sua vez encontravam-se presos no braço da vendedora Marina Izidoro.

Quando o vidro da Mercedes foi fechado, a idosa acabou violentamente arrastada por cerca de 100 metros pelo asfalto. Ela teve ferimentos em todo o corpo e na região da cabeça.

O empresário explicou que foi ele quem sugeriu à amiga que puxasse os balões. Segundo a mulher, nenhum dos dois percebeu que a vendedora havia sido arrastada.

Leonaldo Correia de Brito, advogado do casal, informou que os clientes não se apresentaram antes porque estavam “apreensivos por conta da repercussão do caso”.

Relembre o caso

A idosa Marina Izidoro de Morais foi arrastada enquanto vendia balões nos arredores de uma festa junina de uma escola particular de elite em Taguatinga (DF).

A vendedora se negou a dar um produto de graça ao empresário William Wesley Lelis Vieira — ele queria comprar três balões pelo preço de dois.

A amiga de William Wesley, que estava no banco do passageiro da Mercedes, puxou as cordas com os balões enquanto o empresário fechou os vidros e arrancou com o carro em alta velocidade.

As cordas estavam presas no braço de Marina Izidoro e ela foi arrastada. “O que eu senti foi desespero. Foi uma cena horrível. Eles me arrastaram e a minha minha cabeça ficou presa entre as rodas do carro. Pensei que fosse morrer. Eu não desejo que nenhuma pessoa passe por isso, nunca. Desde domingo, quando acordei, toda hora que eu lembro, começo a chorar”, lamenta a idosa.

Marina trabalha há quatro anos vendendo balões e disse que jamais passou por situação semelhante. A idosa é diarista, passa roupas em casa de famílias e, aos fins de semana, vende balões para aumentar a renda.

VEJA TAMBÉM: Homem que executou morador de rua é empresário e colecionador de armas

Ao ser arrastada pelo carro, Marina perdeu a maior parte do dinheiro que adquiriu em mais de oito horas de trabalho na festa junina. Além disso, o casal chegou a levar alguns dos balões e, os que sobraram nas mãos da idosa, estouraram durante o crime.

Marina foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Ela sofreu diversas escoriações pelo corpo. “Eles [o casal] não tiveram respeito nenhum por mim, pelo meu trabalho e pela minha vida. Eu só quero que eles sejam pegos e paguem pelo que fizeram comigo”.

O delegado Paulo Henrique Alves de Almeida disse que trabalha com a hipótese de até três crimes: Lesão corporal de trânsito, lesão corporal com a intensão de praticar um crime e tentativa de homicídio. A passageira que estava no carro deve responder como co-autora.

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