Redação Pragmatismo
Corrupção 19/Fev/2019 às 09:58 COMENTÁRIOS
Corrupção

Laranjal do PSL chega a Polícia Federal, mas Moro permanece em silêncio

Publicado em 19 Fev, 2019 às 09h58

Frase de uma das quatro candidatas laranjas do PSL que receberam dinheiro do Fundo Eleitoral empurra um imenso abacaxi para o colo do governo. Desta vez, diretamente para Sergio Moro

sergio moro laranjas do psl
Sergio Moro (Imagem: Pedro de Oliveira/ALEP)

Fernando Brito, Tijolaço

“A polícia tem os áudios”.

A frase da candidata “laranja” Cleuzenir Barbosa, uma das quatro que receberam dinheiro do Fundo Eleitoral e o repassou à campanha do deputado e hoje ministro do Turismo Marcelo Alvaro Antonio, empurra um imenso abacaxi, outra vez, para o colo do governo.

E desta vez, direto para Sérgio Moro, que pretende ter hoje o seu dia de glória, com a apresentação de seu “pacote anticrime” que diz ser contra a corrupção.

Porque a polícia que “tem os áudios” é a Polícia Federal e, portanto, o Ministro da Justiça, que é seu chefe hierárquico, tem conhecimento deles e de seu teor.

E é o ministro que disse que cuidaria de pedir a demissão de outros contra os quais houvesse indícios “consistentes” de malfeitorias.

A confissão da intermediária do desvio de verbas, explícita, expressa e publicada, com todos os detalhes sórdidos pela Folha, ainda mais acompanhada de cheques, extratos e até prestação de contas ao TSE, amparada por áudios que estão em mão dos policiais, seria “consistente”?

É a pergunta absolutamente obrigatória a fazer hoje, na provável entrevista que dará em seu momento de triunfo punitivista.

Que pode ser pior, se ocorrer a algum repórter perguntar: “Ministro, o ato de exoneração de Marcelo Alvaro Antonio, explicado como simplesmente burocrático para que ele voltasse à Câmara por um dia para desarquivar projetos, saiu publicado com a sua assinatura, ao contrário do que aconteceu com três outros ministros na mesma situação. Qual foi a razão do senhor ter assinado este e não ou demais?”

A resposta, talvez, esteja numa frase na mesma Folha, onde a deputada Joice Hasselman “explica” a diferença entre o caso do ministro do Turismo e o do defenestrado Gustavo Bebianno:

O presidente e o Marcelo conseguiram ter uma conversa e conseguiram se acertar.

Para usar as expressões do “velho” Moro não é o caso de, “em cognição sumária”, imaginar que a exoneração era por outro motivo, diferente do apontado, e que depois foi revertida pelo que Hasselman diz ter sido um “acerto” com Bolsonaro?

Não deixa de ser, no mínimo, curioso que Moro vá se apresentar hoje como o “xerife da moralidade” deste Governo enquanto dele, depois da lama de cinco dias que esteve mergulhado no caso Bebianno se veja agora às voltas com a sirene estridente que soa na Folha com a entrevistada candidata laranja de outro ministro.

Ou não haverá interesse em apurar o que diz a candidata: “Esse povo é perigoso. Hoje eu sei, eles são uma quadrilha de bandidos.”

candidata laranja Cleuzenir Barbosa
Imagens de Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro com a candidata laranja Cleuzenir Barbosa

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