Redação Pragmatismo
Saúde 08/Jan/2019 às 14:02 COMENTÁRIOS
Saúde

Abrasco aponta aumento da mortalidade materna e infantil

Publicado em 08 Jan, 2019 às 14h02

Fatores como falta de medicamentos, insumos, pobreza das classes populares que acaba contribuindo com atraso

Luana Biral, Pragmatismo Político

Abrasco faz alerta sobre aumento nas taxas de mortalidade materna e infantil no país. De acordo com associação, os dados são preocupantes e faz um alerta aos profissionais de saúde, pesquisadores e gestores do campo da Saúde Coletiva, bem como também à sociedade brasileira.

Após passar por um período de declínio entre 2010 e 2016, os índices de mortes voltaram a subir no Brasil. Conforme apresentado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva, não considerando correção por sub-registro de mortes, entre os anos de 2015 e 2016 houve diminuição no total de mortes infantis.

País deve se preocupar com aumento na mortalidade materna e infantil

A Abrasco aponta 37.501 mortes em 2015 e 36.350 no ano seguinte, considerando o primeiro ano de vida nas cinco regiões brasileiras, de acordo com o SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), Ministério da Saúde.

Já a mortalidade materna, que registrou redução entre 1990 e 2015 de 43%, em 2017 teve uma crescente. O Ministério da Saúde aponta que, de 62 óbitos a cada 100.000 nascidos vivos, o número aumentou para 64 a cada 100.000. O Norte e Nordeste são regiões com maior aumento.

Entre os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio que o Brasil não conseguiu atingir, em 2015, a mortalidade materna foi o único inalcançado. O mesmo foi estabelecido pela ONU e o país tinha compromisso de reduzir 66% entre 1990 e 2015. Porém, conseguiu apenas 43%.

Crise econômica é um dos fatores para a mortalidade materna e infantil

A Abrasco acredita que o Brasil está “assistindo” esses aumentos, enquanto as taxas deveriam ser reduzidas. É fato que os efeitos da crise econômica, cortes nos investimentos para a área da saúde e o ajuste fiscal estão associados com o alto índice da mortalidade materna e infantil.

Além desses, o país está enfrentando uma “luta” para imunizar crianças e bebês, devido à influência do movimento antivacinas. Além desse grupo, a vacinação para adultos também possui um cenário descontrolado. Com isso, há um aumento nos riscos de aumento de epidemias de diversas doenças, antes, já erradicadas do país.

Sem contar que a crise no país levou muitas empresas à falência, resultando em um número alto de pessoas que migraram dos convênios médicos para o SUS. Se antes as pessoas tinham que encarar enormes filas para atendimento de urgência e emergência, além de exames, cirurgias e consultas, atualmente a fila de espera está ainda maior e sem expectativa de melhora.

Todos esses são motivos influenciadores no crescente índice de mortalidade infantil, com crescente de óbitos no período pós-neonatal. Essas mortes ocorrem, especialmente, em decorrência da exposição a esses fatores, que estão associados à piora nas condições humanas, bem como do acesso precário ao serviço de saúde.

Em entrevista da Abrasco com Maria do Carmo Leal (docente do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz), o desfinanciamento do SUS está, provavelmente, agravando o aumento da mortalidade materna.

Fatores como falta de medicamentos, insumos, pobreza das classes populares que acaba contribuindo com atraso para chegar à maternidade e profissionais desestimulados devido a falta de condições mínimas de trabalho, contribuem com esse aumento.

Para a Abrasco, Leal alerta o quanto é inaceitável “caminhar para trás a passos largos”, após o país atingir tantas conquistas. Ela termina enfatizando o quão triste é assistir mães e crianças morrendo, bem como o aumento também nas coberturas de imunização.

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