Redação Pragmatismo
Democratização Comunicação 23/Mai/2018 às 21:00 COMENTÁRIOS
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Procurador espalha fake news sobre jornalistas e agências de checagem

Publicado em 23 Mai, 2018 às 21h00

Procurador federal conhecido por micos espalha fake news perigoso sobre jornalista e agências de checagem

procurador Ailton Benedito fake news
Conhecido por escrever pérolas nas redes, o procurador Ailton Benedito agora se especializou em espalhar fake news

A Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (Abraji) divulgou nota (leia abaixo) para repudiar o posicionamento criminoso de procuradores contra jornalistas e agências oficiais de checagem.

Um dos procuradores que dispararam ataques nas redes sociais é Ailton Benedito. Ele foi empossado procurador-chefe da Procuradoria da República em Goiás (PR-GO) em outubro de 2017 e coleciona polêmicas e pérolas nas redes sociais.

Em 2014, Ailton virou piada nacional o Itamaraty a levantar a identidade de supostos jovens sequestrados e investigar uma possível rede de tráfico humano na Venezuela. O motivo foi a divulgação de que o governo do país vizinho teria convocado 26 jovens do ‘Brasil’ para compor as Brigadas Populares de Comunicação. Acontece que o ‘Brasil’ em questão era apenas um bairro popular do município de Cumaná, na Venezuela, e nada tinha a ver com o nosso País.

Mais recentemente, o procurador voltou a ganhar os holofotes ao tuitar que o nazismo seria um regime de esquerda, baseando-se em uma questão nominal. O argumento utilizado por ele era o fato de haver a palavra “socialista” em “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”.

Naquele mesmo dia, em resposta a quem rebateu sua postagem, escreveu que “a praga SOCIALISTA alastra-se pelo Brasil”. “Mais algumas gerações, e o homo sapiens tupiniquim saboreará cadáveres no desjejum”, completou.

Em março, Ailton afirmou que o atentado a tiros contra ônibus da caravana de Lula foi uma ação de marketing do próprio PT e usou uma tese alucinada para justificar seu argumento.

Abaixo, leia a nota da Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos:

A recente ofensiva contra as agências de checagem Aos Fatos e Lupa atinge também organizações e pessoas que não estão envolvidas no programa de verificação de conteúdo do Facebook, cujo lançamento no início deste mês originou a onda de ataques.

Após a propagação de informações falsas sobre o jornalista Leonardo Sakamoto e a Agência Pública, o profissional e o veículo passaram a ser alvo de ameaças, ofensas e exposição indevida. Agentes públicos como o procurador federal Ailton Benedito, o procurador de Justiça do Rio de Janeiro Marcelo Rocha Monteiro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) estão entre as pessoas que compartilharam tais informações.

Em postagens nas redes sociais, Rocha e Bolsonaro afirmam erroneamente que Sakamoto foi contratado pelo Facebook para participar da iniciativa de checagem de publicações indicadas como potencialmente falsas na plataforma. De acordo com informações do próprio Facebook, apenas Aos Fatos e Lupa são parceiros do programa.

Circulam ainda postagens segundo as quais Sakamoto seria “dono” da Agência Pública, o que é desmentido por uma verificação simples no site do veículo.

Graças às informações erradas e ao discurso inflamatório usado por figuras públicas como os procuradores e o deputado federal, Sakamoto tem recebido ameaças de morte e centenas de ofensas por meio de comentários em sua página e blog. O jornalista diz ainda que quase foi agredido fisicamente.

As redes sociais da Agência Pública também foram inundadas por comentários agressivos, e os perfis pessoais de seus jornalistas têm sido expostos indevidamente, com acusações e desqualificações grosseiras, inclusive pelas figuras públicas citadas.

A Abraji repudia os ataques e o assédio direcionado aos jornalistas. É muito grave que, nesse episódio, agentes públicos difundam inverdades contra um dos alvos desses ataques e exponham outros indevidamente, contribuindo para a intensificação das agressões. Ameaças, ofensas e invasão da intimidade de profissionais da comunicação em função de sua atividade são atos antidemocráticos.

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