Médicas cubanas 'provocam' paz provisória em zona de conflito na Bahia
A chegada de duas médicas cubanas fez com que índios interrompessem conflito com fazendeiros na Bahia. As médicas irão trabalhar em comunidades indígenas onde impera um clima de tensão devido a conflitos por disputa agrária
A chegada de duas médicas cubanas ao distrito de Olivença, em Ilhéus (BA), ontem (11), fez com que índios tupinambás em conflito com fazendeiros adiassem o bloqueio de uma rodovia para recepcionar as profissionais do programa Mais Médicos.
O plano inicial era protestar contra o assassinato de três índios na sexta-feira (8), mas, em vez disso, os tupinambás levaram pitangas ao centro cultural de Olivença para presentear as cubanas. Cinco deles atuam na área da saúde nas comunidades.
“É muito forte [o gosto]”, comentou, ao experimentar a fruta, a médica Ana Ofélia, 44, que já atuou na África. “Mas é muito gostosa”, completou a colega Zu Nieska, 28, com passagem pela Bolívia.
As cubanas irão trabalhar em comunidades indígenas do sul da Bahia onde impera um clima de tensão devido a conflitos por disputa agrária.
“Estamos sabendo dos conflitos, mas não vamos interferir. Viemos para atuar na saúde e melhorar as condições da população indígena”, afirmou Ana Ofélia. “Estamos em missão de paz”, completou Zu Nieska.
O cacique Val Tupinambá justificou a atitude. “Nossa reivindicação com relação à saúde é a ampliação das equipes. Como a chegada delas é muito bem vinda, decidimos adiar a manifestação para recepcioná-las”, disse.
Leia também
-
Ministério da Justiça determina suspensão da venda de mais de 40 marcas de Whey Protein adulterados; confira a lista
-
CEO da maior empresa de planos de saúde dos EUA é assassinado; balas usadas tinham mensagem subliminar
-
Morre a empresária e influenciadora Lili Spada. Familiares lamentam: "Foi muito rápido"
-
Mulher passa mal com Ozempic falso e fabricante explica como evitar droga adulterada
-
Confira as 25 marcas de creatina reprovadas no mais recente teste de qualidade
Segundo o coordenador técnico da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) local, Ângelo Magalhães, as equipes de saúde ficaram 15 dias sem visitar as comunidades indígenas por orientação da Polícia Federal.
O clima está tenso na região desde agosto e se acirrou depois da morte de três índios na comunidade de Acuípe de Baixo, vizinha de Olivença.
Ontem, a Polícia Federal afirmou que o crime foi motivado por uma briga entre dois índios por causa da mulher de um deles e que não investigará o caso.
O cacique refutou a conclusão da PF. “A polícia está usando isso como proteção para um vereador que deu fuga aos assassinos. Não se trata de briga interna, houve uma chacina”.
Os índios dizem ter ocupado mais de 80% das cerca de 600 fazendas do território reivindicado. Para a Associação de Produtores Rurais de Ilhéus, Una e Buerarema, há 100 propriedades em poder dos índios.
As partes se reuniram em 25 de outubro com o ministro José Eduardo Cardoso (Justiça) e com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), quando foi prometida a elaboração de um plano de segurança para a região.
Folhapress