Médicos em ofensiva contra Dilma: "conseguimos decidir 40 milhões de votos"
Entidades médicas prometem ofensiva contra Dilma e garantem que conseguem influenciar 40 milhões de votos nas eleições de 2014
Revoltados com as novas medidas anunciadas pelo governo federal na área da Saúde, os médicos prometem uma ofensiva contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff na eleição de 2014. Rompidas com o governo, as entidades de classe estão insatisfeitas principalmente com a aprovação, na Câmara dos Deputados, da medida provisória que cria o programa Mais Médicos. O texto retira dos Conselhos Regionais de Medicina, ainda, o papel de conceder o registro profissional para os médicos que trabalham no Brasil.
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Essas associações também defenderam os protestos ocorridos em diversos locais do País contra a contratação de médicos estrangeiros para trabalhar em regiões longínquas, onde há falta de profissionais. Agora, a ofensiva será focada na influência que os médicos têm sobre os pacientes, especialmente em locais menos favorecidos. A intenção é, num discurso indireto, fazer com que a população que frequenta os hospitais ou postos de saúde desses médicos não votem na presidente Dilma Rousseff no ano que vem.
O discurso é feito às claras. “Um número muito grande de médicos que nunca se envolveu em eleições está determinado a se envolver, mas influenciando, não se candidatando. É muito comum os pacientes perguntarem para a gente, em período eleitoral, em quem vamos votar, principalmente nas regiões menos favorecidas. Há um movimento grande da classe médica para participar da política dessa forma. Não é o candidato A ou B, o sentimento é escolher um candidato que, certamente, não será a presidente Dilma”, diz o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Floriano Cardoso, segundo reportagem do jornal O Globo.
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No cálculo do presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira Filho, se mobilizada, a classe médica consegue decidir 40 milhões de votos em 2014, com base no fato de que cada profissional influencia cerca de cem pessoas – pacientes e seus familiares. Em sua avaliação, hoje, 90% dos médicos são oposição ao governo. “A classe médica sente que está sendo tratada de forma errada pelo governo, com reivindicações desconsideradas”, diz. Em São Paulo, onde o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, será candidato ao governo, haverá campanha massiva diretamente contra ele.
Padilha lamenta arrogância
Em resposta sobre as ações do que considera ser “grupos isolados” da classe médica, o ministro da Saúde escreveu um email pelo qual lamenta a “truculência e a arrogância” dos profissionais “que se posicionam contra o programa”. O petista lamenta ainda a “atitude do presidente de uma entidade médica de fazer esse movimento após o debate do Mais Médicos, que foi pedido por prefeitos de todos os partidos, inclusive do PSDB”. Padilha finaliza escrevendo: “Sou médico, tenho orgulho da minha profissão, mas estou ministro da Saúde e tenho de agir com foco nas necessidades da população brasileira”.
Em entrevista ao jornal Brasil Econômico nesta segunda-feira 14, Alexandre Padilha declarou que torce para que o programa não seja usado como tema eleitoral. “Foi um esforço de todos os prefeitos, de todos os partidos. Ele só se transforma em um tema eleitoral se a oposição cometer o erro de atacar esse programa. Será um erro duplo porque vai atacar um programa que é uma necessidade para o país e que foi solicitado por prefeitos também da oposição”, afirma.
Aprovação
A ofensiva por parte dos médicos, no entanto, é contra uma população que aprova a iniciativa do governo de contratar mais profissionais, brasileiros e de outros países. De acordo com uma pesquisa Datafolha divulgada em 12 de agosto, 54% dos entrevistados são favoráveis ao Mais Médicos. A mesma pesquisa, realizada em junho, havia registrado índice de aprovação de 47%. Ao mesmo tempo, a rejeição ao programa diminuiu, de 48% em junho para 40% em agosto. A maioria das pessoas que aprova a contratação de mais médicos em regiões onde há falta de profissionais é do Nordeste, um dos locais onde há mais déficit.
Brasil 247