Redação Pragmatismo
Notícias 03/Out/2025 às 11:00 COMENTÁRIOS
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Advogado encontrado morto disse em mensagens que tomou metanol, mas polícia de SP fala em latrocínio

Publicado em 03 Out, 2025 às 11h00

Uma hora e meia antes de morrer, o advogado enviou mensagens em tom de brincadeira afirmando ter ingerido metanol. Ele foi encontrado em convulsão e vomitando. A Polícia de São Paulo, no entanto, descartou a hipótese de envenenamento e afirmou ter analisado imagens de câmeras de segurança que indicam que o renomado criminalista foi vítima de latrocínio

advogado Luiz Fernando Pacheco
Luiz Fernando Pacheco

O advogado criminalista Luiz Fernando Pacheco, 51 anos, morreu na madrugada de quarta-feira (1º) após ser vítima de latrocínio no bairro de Higienópolis, região central de São Paulo. Inicialmente, circulou a suspeita de que ele teria ingerido metanol antes de passar mal. A Polícia Civil, no entanto, já descartou a hipótese de envenenamento e afirma que imagens de câmeras de segurança comprovam que o jurista foi atacado por dois assaltantes.

Pacheco era uma figura conhecida no meio jurídico. Por volta das 4h da manhã, ele foi encontrado desacordado na esquina das ruas Maranhão e Itambé. Uma testemunha relatou aos policiais que viu um homem “convulsionando e com dificuldade para respirar”.

Pouco antes, em um grupo de mensagens, o advogado havia escrito: “Desculpe os erros, tomei metanol”. A frase levantou suspeitas sobre uma possível ingestão da substância. Uma amiga próxima, porém, afirmou que a mensagem “foi apenas uma brincadeira, nada concreto que tenha contribuído para a causa da morte”.

De acordo com o registro policial, Pacheco estava em um bar e, em seguida, chamou um carro de aplicativo para outro estabelecimento. Já alterado pelo consumo de álcool, caminhava pela rua Maranhão quando parou para se apoiar em um poste. Nesse momento, foi abordado por um casal – um jovem e uma jovem – que tentou roubar seu celular.

Ao perceber a ação, Pacheco reagiu. Ele foi agredido com um soco pelo rapaz e um golpe de cotovelo pela mulher, caindo no chão e batendo a cabeça. Ainda no chão, teve os bolsos esvaziados pelo assaltante enquanto a comparsa retirava o relógio Rolex que ele usava no pulso.

Segundo a investigação, um motorista que passava pelo local percebeu o crime, retornou para ajudar e acabou espantando os agressores. Ele acionou o Samu. Pacheco ainda estava vivo quando foi socorrido, mas morreu a caminho da Santa Casa de Misericórdia.

A Polícia Civil afirma que já trabalha com as imagens das câmeras de segurança da região para identificar os suspeitos. A expectativa é de que os dois sejam localizados e tenham a prisão decretada nos próximos dias.

Perfil e legado na advocacia

Luiz Fernando Pacheco era figura respeitada no meio jurídico, com mais de 25 anos de atuação destacada no direito penal. Formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1996, iniciou sua carreira no escritório do renomado criminalista Márcio Thomaz Bastos, onde se tornou sócio até 2003.

Em 2013, abriu seu próprio escritório em São Paulo e, pouco tempo depois, participou da fundação do Grupo Prerrogativas, coletivo de juristas com perfil progressista voltado à defesa das garantias constitucionais e da advocacia de esquerda.

Pacheco ganhou projeção nacional ao integrar a defesa do ex-deputado José Genoino no processo do Mensalão. Um episódio emblemático ocorreu durante julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF): ele foi retirado do plenário após protestar contra a demora na análise de recursos de seu cliente.

Na seccional paulista da OAB, Pacheco ocupou posições de destaque. Foi conselheiro em dois mandatos e presidiu a Comissão de Direitos e Prerrogativas a partir de 2022. Além disso, atuava no Conselho Deliberativo do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e integrou o Conselho Nacional Antidrogas da Presidência da República.

Colegas e entidades jurídicas lamentam a morte como uma perda significativa para a advocacia brasileira. Sua trajetória evidenciou uma postura combativa em defesa dos direitos, das prerrogativas dos advogados e da cidadania.

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