A Economia do Centavo: como o Pix mudou o perfil de consumo do brasileiro
É difícil negar que há um antes e um depois do lançamento do Pix. O sistema do Banco Central, que inicialmente foi visto apenas como um substituto para o DOC ou TED, logo se tornou um fenômeno que, hoje, movimenta mais de 290 milhões de transações diárias.
No entanto, há mais nessa revolução do Pix do que apenas o alto número de usuários e transações. O que ele realmente mudou foi a liquidez financeira instantânea que deu a toda a população, criando o que podemos chamar de “Economia do Centavo”.
“Liquidez” é o nome da economia moderna
Se antes, como TED e o DOC, levava-se pelo menos 24 horas para uma transferência chegar no destino, agora esse atraso não existe mais.
No entanto, os efeitos dessa mudança criaram um novo tipo de economia no país. Com cada celular se tornando uma espécie de terminal financeiro para transações de qualquer valor e a qualquer hora, de repente, o país ganhou 272 milhões de caixas eletrônicas 24h e sem custo.
Isso gerou uma digitalização sem igual do dinheiro das pessoas. Agora, o consumidor usa o Pix para dar o R$2 para o artista de rua ou pagar R$5 para o vendedor na praia.
A indústria se adapta à liquidez constante e total
Sendo capaz de mover R$0,01 de forma digital, instantânea e sem custo, a população ganhou uma liquidez bancária inédita. E muitas indústrias do país perceberam isso.
No digital, as plataformas de criação de conteúdo rapidamente aproveitaram o novo cenário para lançar novos modelos de monetização. O destaque ficou para as “micro-transações” de valores como R$1 ou R$2, em lives de criadores de conteúdo.
O mercado de produtos e serviços de rua também correu para se adaptar. Agora é comum ver artistas no transporte público ou faróis com QR Codes para doações de R$1 em Pix, bem como vendedores ambulantes que aproveitam o sistema do Banco Central para vender na praia e em outros cenários.
No entanto, nenhum setor ilustra isso melhor do que o de iGaming, que passou a oferecer slots e outros tipos de jogos com apostas em valores baixos, ao redor de R$1.
Existem outros jogos Crash em que é possível jogar com valores tão baixos. Por exemplo, é possível fazer uma aposta 1 real no Aviator. Neste jogo desenvolvido pela Spribe, o usuário deve fazer uma aposta e retirá-la antes que o avião “decole”. É por isso que o game é conhecido como o “jogo do aviãozinho”.
Para onde vamos a partir daqui?
O PIX fez muito mais do que digitalizar o dinheiro no bolso. Ele mudou o comportamento de consumo de milhões de brasileiros e deve mudar ainda mais. Afinal, agora a sua versão “automática”, que substitui o débito automático, se tornou obrigatória em todos os bancos.
Com a possibilidade de gerar liquidez do seu dinheiro de forma instantânea, gratuita e digital, o consumidor passou a ditar um novo rumo no mercado. Resta saber quais outros setores serão capazes de se adaptar a esse novo cliente, que agora, com R$1 no bolso digital, tem todo o poder.
