Gerente de cafeteria demitido após confusão com padre Fábio de Melo desabafa: "Minha imagem foi destruída"
Vídeo mostra padre Fábio de Melo em confusão com gerente de cafeteria. O trabalhador se diz injustiçado após demissão e denuncia estar sendo perseguido pelos devotos do padre. O incidente, aparentemente banal, acabou sendo transformado pelos seguidores do religioso em um escândalo: "Não tenho como me defender nesse tribunal virtual. Só quero trabalhar em paz. Minha vida virou de cabeça para baixo por algo que poderia ter sido esclarecido com uma simples conversa"

Por Ana Oliveira
Pragmatismo Político
O ex-gerente de uma unidade da cafeteria Havanna em Joinville, Santa Catarina, afirma estar vivendo um pesadelo desde que foi demitido após uma confusão envolvendo o padre Fábio de Melo no último sábado (10). O incidente, aparentemente banal, girou em torno do preço de um doce de leite e acabou se transformando em um escândalo nas redes sociais, culminando na exoneração do trabalhador e em acusações públicas feitas pelo religioso.
“Minha imagem foi destruída. Estou sendo atacado por pessoas que nem sequer estavam lá, devotos que me julgam com base em uma versão parcial e distorcida dos fatos”, desabafa o ex-funcionário, que preferiu não se identificar por temer represálias.
No sábado, o padre usou suas redes sociais para relatar que teria sido mal atendido na cafeteria e que o gerente agiu com arrogância ao ser questionado sobre o preço de um produto. Segundo o religioso, o valor pago no caixa foi superior ao preço exposto na prateleira. A postagem rapidamente viralizou, provocando uma onda de críticas à conduta do gerente.
Dois dias depois, a Havanna anunciou, por meio de nota oficial, que o funcionário havia sido desligado da empresa. A decisão, segundo o ex-gerente, foi tomada sem que ele tivesse a oportunidade de se defender formalmente. “Fui julgado sem direito a explicação. Não houve sequer uma conversa. Simplesmente me comunicaram que eu estava fora.”
Em entrevista ao Pragmatismo Político, ele afirmou que, ao contrário do que foi dito, não houve qualquer interação direta com o padre dentro da loja. “Ele entrou por volta das 14h50, enquanto eu decorava a loja para o Dia das Mães. Ninguém o reconheceu naquele momento”, contou. A confusão começou quando um integrante da equipe do padre levou duas latas de doce de leite ao caixa e questionou o preço.
Segundo o ex-funcionário, a cafeteria comercializa duas versões do produto: a tradicional, com açúcar, a R$ 43,90; e a zero açúcar, a R$ 69. Aparentemente, o grupo teria se confundido ao ver o preço da versão mais barata, mas levar o item mais caro.
“A placa estava ali, com o valor certo, mas mal posicionada, o que pode ter causado confusão. Eu mesmo fui conferir, falei com a equipe, e confirmei que ninguém tinha alterado nada. Passei perto do padre, que me seguia, mas ele não me dirigiu a palavra em momento algum”, relata. “Falei com a atendente e voltei ao meu trabalho.”
O ex-gerente diz que, desde então, vem enfrentando uma onda de ataques e mensagens agressivas nas redes sociais. “Eu não sou uma pessoa pública. Não tenho como me defender nesse tribunal virtual que se formou. Só quero trabalhar em paz.”
A Havanna não esclareceu sobre os critérios que levaram à demissão. Também não comentou se abriu apuração interna antes de tomar a decisão.
O caso reacende o debate sobre o poder das redes sociais e os impactos da exposição pública sobre trabalhadores comuns. Em um país com altos índices de desemprego e precarização do trabalho, o episódio levanta questionamentos sobre a responsabilidade de figuras públicas ao utilizar suas plataformas para relatar desentendimentos cotidianos, que poderiam ser resolvidos de forma privada.
“Não sou contra o padre, não sou contra ninguém. Mas minha vida virou de cabeça para baixo por algo que poderia ter sido esclarecido com uma simples conversa”, concluiu o ex-gerente.
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