Redação Pragmatismo
ELEIÇÕES 2022 09/Nov/2022 às 23:19 COMENTÁRIOS
ELEIÇÕES 2022

Bolsonaristas se irritam com relatório dos militares: "Tomamos chuva e viramos meme à toa?"

Publicado em 09 Nov, 2022 às 23h19

Após a divulgação do relatório do Ministério da Defesa que não aponta fraude nas urnas, bolsonaristas passaram a atacar os militares nas redes. Outros ainda tentam se agarrar a alguns parágrafos do documento para continuar sustentando teorias golpistas e conspiratórias

relatório militares urnas
(Imagem: Bruna Prado | AP)

Muitos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) sentiram-se frustrados e ‘traídos’ com o relatório do general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa, que não aponta em nenhum momento fraude na eleição presidencial de 2022. O pleito consagrou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os bolsonaristas estão inundando os perfis do Ministério da Defesa nas redes com xingamentos e desabafos. Um internauta questionou se ele e outros manifestantes “tomaram chuva” e “viraram meme” à toa ao participar de atos pró-Bolsonaro.

“Tomamos chuva, fomos atropelados, passamos vergonha à toa? É isso? Caramba viu”, lamenta um bolsonarista. “Quer dizer que tô tomando chuva no lombo, dormindo em barraca e cagando em banheiro químico desde o dia 2/11 pra nada?”, questiona outro. “Está, meu chapa! Estão tirando onda com nossa cara! Esperei tanto por esse relatório, orei, torci e quebrei a cara”, responde mais um.

“Decepção total. Não confio mais nas Forças Armadas nem em ninguém da política. A partir de hoje nem vou mais votar. Prefiro pagar multa”, desabafou outra usuária. “Em 1964 os generais mandaram papelzinho como agora em 2022? Achei que vocês estariam aí para colocar ordem no país”.

Militares foram covardes

O processo eleitoral brasileiro é reconhecido como um dos mais modernos, seguros e transparentes do mundo. Os militares, como já era de esperar, não encontraram nada, mas foram obrigados a acrescentar alguns asteriscos no relatório para alimentar os golpistas que permanecem nas ruas. Os extremistas, porém, não queriam apenas migalhas.

“O que os militares estão dizendo no relatório é: ‘não há nenhum indício de fraude, mas não podemos passar um atestado de idoneidade total às urnas e à Justiça Eleitoral porque se não vamos perder o emprego'”, afirma o jornalista José Roberto Toledo

O jornalista disse que faltou “hombridade” aos militares para reconhecerem de maneira direta, com todas as letras, a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro. “É uma vergonha. Eles passam um recibo de incompetência e estendem uma indecisão que só existe na cabeça do Bolsonaro”, destacou.

Apesar de não encontrar fraude, o documento produzido pelos militares faz ‘sugestões de melhorias’ e também afirma que no caso do teste de biometria realizado neste pleito ainda há “lacunas” que não permitem atestar a sua eficiência.

‘Pai’ da urna eletrônica

Um dos pontos questionados pelos militares no relatório foi desmentido na noite de hoje pelo analista Giuseppe Janino, ex-secretário de TI (Tecnologia da Informação) do TSE. O especialista ajudou a projetar o sistema nos anos 1990 e foi apelidado de “pai da urna”.

No ponto em questão, o Ministério da Defesa alega que o TSE teria restringido o acesso dos militares aos dados das urnas. Giuseppe rebate e diz que os militares poderiam ter acessado esses dados no ano passado, em testes públicos com a participação de várias instituições, mas perderam a chance.

Segundo Giuseppe, esses testes realmente não poderiam ter sido feitos quando as Forças Aramadas inspecionaram o sistema — de 2 a 19 de agosto desse ano —, mas estiveram disponíveis no TPS (Teste Público de Segurança), um ano antes. No evento, que teve a participação de 26 entidades públicas e privadas, os especialistas puderam fazer experimentos e explorar eventuais vulnerabilidades. Nada de errado foi encontrado por nenhuma das 26 entidades.

“Esse tipo de teste, que eles gostariam de ter feito, é possível nos testes públicos de segurança, que eles tiveram oportunidade de participar e não participaram”, diz.

A abertura do código-fonte das urnas às entidades fiscalizadoras ocorreu em 4 de outubro de 2021, em cerimônia na qual o general Heber Garcia Portella, comandante de Defesa Cibernética do Exército, esteve presente como representante das Forças Armadas. Os militares, porém, só solicitaram o acesso ao código-fonte no dia 1º de agosto de 2022.

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