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ELEIÇÕES 2022 30/Out/2022 às 02:01 COMENTÁRIOS
ELEIÇÕES 2022

Campanha de Bolsonaro se enfurece com Zambelli e fala em "estrago"

Publicado em 30 Out, 2022 às 02h01

Em um primeiro momento, a campanha de Bolsonaro disse que era preciso "entender melhor o que aconteceu". No entanto, após o surgimento do vídeo que mostra que Zambelli não foi agredida fisicamente, o comitê admitiu que a "imagem forte e impactante" da deputada com a arma em punho contra um negro tem potencial para prejudicar o presidente

carla zambelli arma

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) avaliou que o incidente envolvendo Carla Zambelli (PL) na tarde deste sábado (29) em São Paulo pode trazer consequências eleitorais negativas para o presidente, que quer manter distanciamento do caso. As informações são da jornalista Carla Araújo.

A deputada bolsonarista foi filmada perseguindo o jornalista Luan Araújo com uma pistola. Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Zambelli justificou que foi ’empurrada’ pelo homem e ‘caiu’ no chão. No entanto, imagens divulgadas instantes depois desmentiram a fala da parlamentar.

Em um primeiro momento, a campanha de Bolsonaro disse que era preciso “entender melhor o que aconteceu”, mas após a divulgação do vídeo que mostra que a deputada não foi agredida fisicamente, o comitê admitiu que a conduta de Zambelli era reprovável.

Um assessor do Planalto ponderou que a deputada poderia ter sido provocada, xingada, mas que jamais deveria ter sacado a arma e sim deveria ter chamado a polícia. Membros da campanha dizem que ainda estão mensurando “os estragos” com o episódio.

A avaliação é que Bolsonaro não perderá votos dos eleitores mais convertidos e de direita, mas a campanha admite que a “imagem forte e impactante” de Zambelli com a arma em punho contra um negro tem potencial de prejudicar a campanha. O maior receio, dizem, é afastar o eleitor indeciso ou que no primeiro turno votou em Ciro Gomes (PDT) ou Simone Tebet (MDB) e que poderia migrar para Bolsonaro.

“Não bastasse o possível dano na véspera da eleição, é o terceiro episódio com armas em uma semana, após o ataque de Roberto Jefferson com fuzil e granadas à Polícia Federal e a ordem da equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para um câmera apagar imagens de um tiroteio”, avaliou o jornalista Fábio Zanini.

Zambelli é uma das parlamentares mais identificadas com a pauta armamentista. Além de autora de projetos facilitando o porte, é apoiadora do Pró-Armas, principal lobby do setor no país.

Entenda o caso

O jornalista esportivo Luan Araújo conta que voltava de um chá de bebê com amigos quando viu a deputada pedir voto no candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao recepcionista de um bar e reagiu questionando ela. Os seguranças de Zambelli, então, começaram a filmá-lo, e a briga escalou quando ele disse “te amo, espanhola”.

Nesse momento, de acordo com Luan, a deputada começou a correr atrás dele e um tiro foi disparado. “Eu ouvi um tiro e não sei se passou perto da minha perna, mas eu senti a bala chegando perto. E saí correndo do bar. Eles tentaram me colocar no chão, como se fossem policiais mesmo”, conta.

Luan correu e entrou num bar, e a deputada pediu que ele deitasse no chão e pedisse desculpas. “Eu falei: ‘você não é policial, eu não vou ficar no chão para você’. Aí começou um bate-boca muito grande e ela disse que ia chamar a polícia”, diz ele que, por fim, pediu desculpas para ir embora.

“O susto que eu passei hoje foi enorme. Eu pensei na minha mãe, que é sozinha. Eu sou preto, eu sou periférico, da zona leste de São Paulo. Eu pensei muito na minha namorada. Eu pensei muito na minha vida e eu acho que a gente está em uma situação extrema, não é uma situação normal. Não é uma situação saudável.”

“Fui eu como um cidadão negro que discuti com ela. Não foi ninguém, não foi PT. Fui eu, um cidadão comum”, afirmou Araújo.

Segundo legislação eleitoral, o porte de arma e de munição é proibido nas 24 horas que antecedem e sucedem o dia de votação. Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovada em setembro determina que o descumprimento da regra pode acarretar prisão em flagrante por porte ilegal.

Em sua página no Instagram, a deputada aparece ofegante ao lado de um policial e afirma que registrou boletim de ocorrência. “Fui agredida agora pouco, me empurraram no chão. Eram vários. Eles usaram um homem negro para vir para cima de mim”, disse Carla no vídeo.

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