Redação Pragmatismo
América Latina 29/Mai/2022 às 23:24 COMENTÁRIOS
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Esquerda vai ao 2º turno na Colômbia com chances de vencer pela primeira vez

Publicado em 29 Mai, 2022 às 23h24

Colômbia: Esquerda tem seu melhor resultado eleitoral no país historicamente governado por elites e assolado pelo narcotráfico e pela violência crescente. Gustavo Petro venceu o primeiro turno com 40,4% dos votos, enquanto o direitista Rodolfo Hernández obteve 28%

Gustavo Petro Rodolfo Hernández
Gustavo Petro (esq) e Rodolfo Hernández

Com mais de 99% das urnas apuradas, a eleição presidencial na Colômbia irá para o segundo turno. A disputa será entre o candidato da esquerda Gustavo Petro, que obteve 40,4% dos votos e enfrentará o direitista Rodolfo Hernández, que recebeu 27,9% dos votos.

Vencedor do primeiro turno, Petro afirmou que este domingo foi um “dia de triunfo”, agradecendo a todos que “fizeram o possível na Colômbia para que fôssemos mais de 8 milhões de cidadãos vitoriosos”.

“Vimos que poderíamos ser vitoriosos […] hoje se define, a partir de agora, como queremos que a mudança no país aconteça. Queremos uma mudança de verdade, próspera e que se inicie uma nova era”, disse Petro, que propõe em sua campanha o combater à fome, reativar as negociações de paz com setores insurgentes, investigar os casos de violência contra líderes sociais e camponeses, reconhecer o direito ao território dos povos indígenas e quilombolas, assim como diversificar a base econômica do país, com uma perspectiva de desenvolvimento sustentável.

Em seguida, Petro afirmou que esta eleição “derrotou os partidos aliados” do atual presidente colombiano Iván Duque, declarando que a votação “lança uma mensagem central de que se acaba um período, uma era”. “Agora, se trata de construir um futuro, ver o que vamos fazer com a Colômbia, o que a sociedade quer do seu próprio país e como seria esa mudança”, afirmou o candidato pelo Pacto Histórico.

Falando ao lado de Francia Márquez, candidata a vice na chapa, o ex-prefeito de Bogotá declarou que a Colômbia quer “o caminho da paz”, propondo que haja justiça social e estabilidade na sociedade colombiana.

Hernández surpreendeu

Apesar de aparecer como terceiro colocado nas pesquisas de opinião, Hernández surpreendeu e abriu vantagem de quase cinco pontos percentuais sobre Fico Gutiérrez (Equipe pela Colômbia), que era considerado o candidato favorito da direita para disputar o segundo turno.

Com o lema “não roubar, não mentir, não trair”, Hernández apoia sua campanha em cima do combate à corrupção e no fato de serem uma alternativa à “velha política”. Ele é engenheiro civil e dono da HG Construtora.

Apesar de basear sua campanha na luta contra a corrupção, Hernández enfrentará um julgamento no dia 21 de julho, acusado de corrupção no período em que foi prefeito da cidade de Bucaramanga.

Hernández fez fortuna no ramo de construção de moradias populares na década de 1990, quando a Colômbia passava por uma crise de construção. Ele também é conhecido como o “Donald Trump” colombiano, que, com sua própria fortuna e se apresentando como um outsider tenta vencer a eleição presidencial.

Insatisfação popular

A insatisfação da população colombiana com a situação do país se escancarou em grandes manifestações desde 2019. O país tem 51 milhões de habitantes, sendo 39 milhões aptos a votar. Desses, 9 milhões são jovens com menos de 28 anos e os mais afetados pela crise. O subemprego e a informalidade da Colômbia são recorde, pois atingem 75% da força de trabalho. Metade da população ativa vive de trabalho intermitente. Ou seja, sai de casa para com objetivo de trabalhar mas não tem garantia se vai voltar com o vencimento do dia.

Com isso, mais a gestão desastrosa do governo de Iván Duque durante a pandemia, metade da população vive abaixo da linha de pobreza. O governo anunciou a liberação de US$ 10 milhões aos bancos para promover linhas de crédito e estimular linhas de auxílio a pequenos empreendedores e assegurar alguma renda de proteção. Mas não institucionalizou medidas de socorro, e o dinheiro nunca chegou onde deveria. Além disso, encaminhou uma reforma que retirou recursos e força de trabalho da saúde pública.

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