Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 15/Mar/2022 às 10:04 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Renato Kalil diz que esposa tinha "irritabilidade frequente"; perícia é realizada

Publicado em 15 Mar, 2022 às 10h04

Investigação requisitou exame residuográfico em Ilana e também em Renato Kalil. A polícia ainda pediu que seja avaliada a "possibilidade de constatação de manuseio da arma por outra pessoa". Em depoimento, o médico admitiu que discutiu com a esposa horas antes da morte e afirmou que ela "estava irritada com o Instagram"

Renato Kalil
Renato Kalil

O Ministério Público informou nesta terça-feira (15) que está acompanhando as investigações da Polícia Civil sobre a morte de Ilana Kalil, esposa do ginecologista Renato Kalil.

Em depoimento à polícia, Kalil disse que Ilana tomava medicamentos controlados e afirmou que os problemas do casal passaram a ser mais constantes nos últimos tempos. Kalil admitiu que os dois discutirem na noite de domingo, horas antes da morte da esposa.

O médico contou que, na madrugada de segunda, Ilana estaria irritada por causa de seu Instagram. O último post dela, nos Stories, dizia: “Fui censurada de novo. E lá vai… Quem viu, viu. Quem não viu, não vai ver mais. E viva a ditadura”.

No boletim de ocorrência, há referência ao episódio de forma genérica: “Ilana estava revoltada por ter tido que apagar o seu Instagram por questões outras que o casal vinha enfrentando”.

Os dois teriam se deitado por volta da uma da manhã. Kalil relatou à polícia que a mulher não teria conseguido dormir e, depois de uns 40 minutos, foi para a sala, no andar inferior da casa.

Ainda de acordo com a versão apresentada pelo médico, por volta de 3h40 da madrugada de segunda-feira, ele teria ouvido um tiro. A mulher teria enviado mensagens a ele se despedindo. Ele afirma que a encontrou na sala e que na mesa havia uma carta de despedida e uma garrafa de bebida. Segundo o ginecologista, ela já estava morta.

Kalil diz que acionou os seguranças da rua onde vive que, por sua vez, chamaram socorro e a polícia. Segundo sua versão, a arma pertencia a seu pai, estava escondida e em situação regular. Ele afirmou também que a mulher não sabia manusear armas.

Os policiais ainda vão analisar o laudo do IML (Instituto Médico Legal) e da perícia no local para confirmar o suicídio ou abrir outra linha de investigação.

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De acordo com o BO, foi requisitado exame residuográfico em Ilana e também em Kalil, a fim de detectar vestígios do uso de arma de fogo. A polícia ainda pediu que um médico legista comparecesse à casa para “retirar qualquer dúvida quando do disparo” e também para avaliação da “possibilidade de constatação de manuseio da arma por outra pessoa”. Foi pedido exame toxicológico da vítima.

RENATO KALIL

Renato Kalil é médico com especialização em ginecologia e obstetrícia. Foi responsável pelo parto de celebridades como Julia Faria e Andréa Sadi e já atendeu a apresentadora Luciana Gimenez.

No início de dezembro de 2021, a fama e o reconhecimento profissional de Kalil foram colocados à prova, depois que a influenciadora Shantal Verdelho compartilhou as filmagens do parto de seu segundo filho.

No vídeo, Renato aparece ofendendo a paciente, chamando-a de “viadinha”, realizando a manobra de Kristeller e tentando convencê-la a tomar uma medicação que acelera o trabalho de parto, mas é contraindicada para mulheres que já realizaram cesárea anteriormente.

A influenciadora decidiu levar a denúncia adiante, e registrou um boletim de ocorrência contra o médico, o que permitiu que a Justiça abrisse um inquérito para investigar a atitude do ginecologista.

OUTRAS DENÚNCIAS

Após o caso de Shantal Verdelho, várias mulheres se encorajaram a denunciar Kalil. A bancária Letícia Domingues disse que foi abusada mais de uma vez pelo obstetra e ginecologista na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1991. Outra vítima revelou que Kalil exibiu o pênis em uma consulta depois de um parto traumático, em 1993.

Até o início de fevereiro, no inquérito policial em curso, em São Paulo, 14 mulheres além de Shantal haviam prestado depoimentos acusando Kalil de violência obstétrica e também de assédio sexual.

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