Redação Pragmatismo
Mundo 08/Mar/2022 às 11:06 COMENTÁRIOS
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Militar da Ucrânia usa no uniforme o Sol Negro, símbolo nazista com três suásticas

Publicado em 08 Mar, 2022 às 11h06

Imagem de soldado ucraniano com símbolo nazista no uniforme viralizou nas redes. Especialistas afirmam que a Ucrânia é um dos países onde o neonazismo tem mais força no mundo. O Sol Negro é um dos símbolos mais populares entre nazistas, e estava presente em um dos salões principais do castelo de Wewelsburg, sede da SS

símbolo nazista Ucrânia

A imagem de um soldado ucraniano que atuava nas proximidades da capital Kiev viralizou por causa de um símbolo associado ao nazismo presente em seu uniforme.

A imagem registrada pela fotojornalista ucraniana Anastasia Vlasova passou a circular nas redes sociais depois de ser divulgada em uma postagem do Twitter do banco de imagens americano Getty Images.

Ao anunciar a invasão do território ucraniano, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a operação militar visava, entre outros objetivos, a desnazificação da Ucrânia.

Especialistas afirmam que a Ucrânia é um dos países onde o neonazismo tem mais força no mundo. O Batalhão de Azov, abertamente nazista, foi integrado à guarda nacional do país.

O símbolo acrescentado pelo militar ucraniano da foto ao seu uniforme é conhecido como o ‘Sol Negro’. Segundo a Liga Anti-Difamação (entidade que combate o avanço do antissemitismo), o desenho é bastante popular entre neonazistas por ser um dos “diversos símbolos europeus apropriados pelos nazistas em sua tentativa de inventar a idealizada herança ariana”.

Segundo a entidade Freedom House, o sol negro remete a movimentos ligados ao esoterismo e ao ocultismo de meados do século 19, e nos anos seguinte foi usada por diversas vertentes, como cultos satanistas ou neopagãos e organizações com traços esotéricos dentro do nazismo.

Esse símbolo, por exemplo, estava presente em um dos salões principais do castelo de Wewelsburg, sede da SS (Schutzstaffel ou Esquadrão de Proteção), a polícia nazista chefiada por Heinrich Himmler. “Mas ele voltou a se popularizar em 1991, com o livro O Sol Negro de Tashi Lhunpo, de Russell McCloud (pseudônimo do jornalista alemão Stefan Mogle-Stadel). Desde então, neonazistas de vários países têm o usado ativamente como símbolo de lições do ocultismo nazista que alega conectar o nazismo a ‘saberes antigos secretos'”, explica a entidade. Ainda segundo a Freedom House, na Ucrânia, o sol negro é frequentemente usado como uma marca da idelogia de extrema direita.

O sol negro é um dos símbolos associados ao nazismo que fazem parte da insígnia do Batalhão Azov. O grupo ganhou notoriedade a partir de 2013, quando manifestações financiadas pelos EUA derrubaram o ex-presidente, que tinha mais proximidade com o governo da Rússia.

A partir dali, o Azov e outros grupos considerados de extrema direita por especialistas, como o Partido Svoboda e Pravyi Sektor (Setor de Direita), montaram suas próprias milícias armadas, muitas das quais passaram a integrar forças regulares ucranianas — acusadas de assassinar milhares de pessoas e estuprar centenas de meninas ligadas à etnia russa que vivem no leste da Ucrânia.

Em artigo sobre o tema no jornal Folha de S.Paulo, dois pesquisadores do Observatório da Extrema Direita, Odilon Caldeira Neto (UFJF) e David Magalhães (PUC-SP/Faap), afirmam que “o abrigo institucional de uma sabida organização neonazista reforça a ideia de que a extrema direita atua como linha auxiliar do governo ucraniano”.

A força do Nazismo na Ucrânia

Quando o exército nazista adentrou as áreas ucranianas, em 1941, uma parte da população optou por colaborar com os alemães, enquanto boa parte do país foi varrida por sofrimento e destruição. Mais de 5 milhões de ucranianos morreram combatendo os nazistas, que mataram a maior parte dos 1,5 milhão de judeus ucranianos.

A ocupação alemã durou até 1944, e os ucranianos que se engajaram na cooperação com os alemães nazistas atuaram na administração local, se tornaram parte da polícia nazista ou viraram guardas em campos de concentração. O governo civil alemão nazista foi batizado de Reichskommissariat Ukraine, ou RKU, e compreendia o que hoje se divide entre o território da Ucrânia, Belarus e Polônia.

Uma das figuras mais proeminentes e controversas desse nacionalismo colaboracionista ucraniano foi Stepan Bandera, que primeiro atuou para facilitar o domínio dos nazistas na região e depois se voltou contra eles, quando percebeu que seu plano de independência da Ucrânia não se concluiria. Na região ucraniana da Galícia, depois de 2014, Bandera passou a ser cultuado como uma figura mítica, e o governo ucraniano incluiu-o entre os heróis da pátria.

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