Redação Pragmatismo
Saúde 22/Set/2021 às 18:57 COMENTÁRIOS
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Fraude na declaração de óbito da mãe de Luciano Hang é macabra

Publicado em 22 Set, 2021 às 18h57

Documentos e depoimentos de médicos apontam para suposta fraude da Prevent Senior na declaração de óbito da mãe de Luciano Hang. Falsificação macabra ocorreu para não enfraquecer o discurso 'pró-cloroquina' e outros remédios ineficazes

Regina Hang
Luciano Hang e a mãe, Regina Hang

Um dossiê entregue à CPI da Covid, elaborado por 15 médicos que trabalharam para a operadora de saúde Prevent Senior, aponta que a declaração de óbito da mãe do empresário Luciano Hang, Regina Hang, foi fraudada. Ela morreu em fevereiro, aos 82 anos, no hospital Sancta Maggiore, da operadora, em São Paulo. As informações são do Estadão.

De acordo com os profissionais, a fraude na declaração de óbito seria mais um entre os “inúmeros casos que não foram devidamente noticiados” relacionados à covid-19.

Na sessão de hoje da CPI da Covid, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), abordou o caso de Regina Hang com a exibição de um vídeo no qual o empresário afirma que sua mãe poderia ter sobrevivido caso tivesse feito o chamado “tratamento precoce”. O parlamentar qualificou o comportamento do empresário como “macabro” e “repugnante”.

“Há uma farsa que será desmascarada aqui. Vamos provar que ele pediu: ‘Escondam que minha mãe foi tratada com cloroquina, para não desmerecer a eficácia’. Ele a levou para ser tratada no hospital com cloroquina, e a Prevent Senior ocultou isso”, pontuou o relator.

Já o senador Otto Alencar (PSD-BA), que presidia a sessão no momento, chamou Hang de “filho desalmado”, por considerar que o empresário usou a morte da mãe para promover o “tratamento precoce”. O diretor da Prevent Senior, Pedro Benedito, reiterou que não comentaria casos de pacientes, alegando sigilo médico.

Mais falsificações

O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, reconheceu que a operadora orientou a alteração no prontuário de pacientes diagnosticados com covid-19.

Mensagem obtida pela CPI revela orientação de que, após 14 dias do início dos sintomas, para pacientes de enfermaria, ou 21 para pacientes com passagem em UTI, a CID (sigla de classificação internacional de doença) deveria ser modificada para qualquer outra classificação.

Quando um paciente é diagnosticado ou possui suspeita de estar infectado com a covid-19, o prontuário médico atribuiu a CID B34.2. Segundo a orientação do hospital, após o período citado acima, o código do prontuário deveria “ser modificado para qualquer outro, exceto o da covid-19”.

Em outra parte da oitiva, o diretor da Prevent Senior negou conhecer o “gabinete paralelo” do governo federal. Entretanto, os senadores exibiram um vídeo de Pedro Batista em reunião com o médico Paolo Zanotto, que redigiu um “protocolo” para a Prevent Senior sobre o uso do “kit covid”.

No vídeo, Zanotto diz que a médica Nise Yamaguchi estava em Brasília para formular protocolos. Além disso, acrescenta que Pedro está “mais por dentro do que vocês imaginam”. Questionado sobre nomes do gabinete, o diretor disse que a doutora Nise Yamaguchi mantém relação com a operadora por tratar pacientes do plano. “É uma médica que tratou pacientes que tinham o plano Prevent Senior.”

SAIBA MAIS: Médico negacionista Anthony Wong morreu de Covid-19, mostra investigação

Antes de a sessão ser suspensa, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou que o diretor da Prevent Senior passará à condição de investigado. As informações colhidas sobre Pedro Benedito Batista Júnior serão enviadas à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). “Mandarei para a Procuradoria de Justiça de São Paulo, porque esses fatos aconteceram lá e há um desejo do MP-SP de levantar essas circunstâncias”, justificou Calheiros.

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