Mulheres violadas

Policial que atirou de fuzil durante manifestação de mulheres é preso

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(Imagem: reprodução)

Nina Lemos, Universa

A cena é chocante. Em um vídeo que circula na internet, um grupo de mulheres está reunido em um protesto pacífico contra a violência contra as mulheres. De repente, se escuta barulho de tiros e as mulheres começam a correr.

Isso infelizmente é real e aconteceu em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, na segunda-feira.

Um policial armado com fuzil atacou a tiros mulheres que participavam de uma manifestação pedindo a investigação de crimes de feminicídio. O homem saiu armado de dentro da delegacia (ou seja, ele estava trabalhando!) e atirou no chão e também arrancou cartazes.

Ninguém ficou ferido e o policial foi preso no local. O fato de (ainda bem!) ninguém ter se machucado não torna o caso menos alarmante.

Como assim, mulheres vão protestar pedindo investigação e o fim da violência contra a mulher e… sofrem essa violência?

Os números de feminicídio no Brasil são assustadores. Em 2020, 648 mulheres foram assassinadas nesse tipo de crime, aquele motivado pelo fato delas serem mulheres. E quando a gente vai pedir justiça corre o risco de morrer em um ataque armado de ódio, e por parte de um policial?

Esse fato é uma metáfora perfeita de como funciona o ódio a mulheres no Brasil e deveria deixar todo mundo chocado.

Que ódio é esse, que faz com que mulheres sejam mortas pelos seus companheiros e ex-companheiros? O mesmo que faz com que feministas sejam odiadas e sofram ameaças de morte diariamente? Se a gente ser mulher já causa ódio, ser mulher e se manifestar em defesa de outras, gera mais ainda. É assustador.

Você vai protestar contra a violência e tem que fugir de tiros em um país democrático e que não está em guerra?

Como disse a filósofa Marcia Tiburi no Twitter: “os tiros do policial são a imagem concreta de como o Estado Patriarcal trata e violência como as mulheres: ajudando a produzi-la.

É curioso, mas o ataque aconteceu no mesmo dia do julgamento histórico do caso da advogada Tatiane Spitzner, morta pelo marido, o biólogo Luis Felipe Manvailer em 2018. O assassino foi condenado a 31 anos de prisão. É raro que o feminicídio seja punido com esse rigor, principalmente quando o acusado é uma pessoa de classe média alta, que pode pagar bons advogados.

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Mas, pelo jeito, não temos ainda nada para comemorar. Nossa alegria dura pouco. Como diz a música: “em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel. ” Às vezes literalmente.

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