Redação Pragmatismo
Barbárie 01/Abr/2021 às 18:33 COMENTÁRIOS
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Jairinho telefonou para governador horas após a morte de Henry Borel

Publicado em 01 Abr, 2021 às 18h33

Governador do Rio afirma que "sempre garantiu autonomia à Polícia Civil e que não interfere em investigações". Mensagens de celular da mãe e do padrasto foram apagadas após a morte do menino

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Dr. Jairinho no elevador do seu prédio

O vereador carioca Doutor Jairinho, investigado pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos, ligou para o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, no dia 8 de março para contar o ocorrido. Foi na madrugada do dia 8 que a criança morreu. A conversa ocorreu antes de o caso chegar ao noticiário. As informações são do colunista Lauro Jardim.

No telefonema, Jairinho deu a Castro sua versão do ocorrido (a mesma que tem sustentado para a polícia, ou seja, que ele e a mãe do menino o encontraram desacordado no quarto e o levaram a um hospital).

De acordo com um relato feito pelo governador a interlocutores, Jairinho perguntou o que seria feito pelas autoridades. Castro, ainda segundo o mesmo relato, respondeu que caberia a Polícia Civil, ou mais especificamente a 16ª DP, investigar o ocorrido — e que não se meteria no assunto.

Em nota, a assessoria do governo do Rio de Janeiro confirmou que Cláudio Castro “recebeu uma ligação do vereador Doutor Jairinho horas antes de o caso envolvendo o menino Henry ganhar repercussão na mídia”.

A nota diz ainda que “no telefonema, ao saber do fato, Castro limitou-se a explicar ao vereador que o assunto seria tratado pela delegacia responsável pelo inquérito e encerrou a ligação”.

Desde então, policiais e secretários de estado também foram procurados por Doutor Jairinho para falar — e, claro, pressionar — sobre as investigações.

Vale destacar que os depoimentos de Monique Almeida e Dr. Jairinho só aconteceram nove dias após a morte de Henry Borel, o que levantou suspeitas sobre a imparcialidade da investigação.

O casal teve mais de uma semana junto com os advogados para construir a versão que apresentariam às autoridades. Ainda assim, eles apresentaram contradições em seus depoimentos.

VEJA: Monique e Jairinho dão versões diferentes sobre morte de Henry Borel

CONFIRA: Empregada conta à polícia versão diferente da apresentada pela mãe de Henry

Mensagens apagadas

A Polícia Civil descobriu que mensagens foram apagadas dos celulares da mãe de Henry Borel, Monique Almeida, e do namorado dela, o médico e vereador Dr. Jairinho.

Os agentes vão usar um sistema de informática para recuperar as conversas. O advogado André França Barreto, que defende o casal, disse que só irá comentar o assunto depois da conclusão da perícia nos aparelhos.

Na semana passada, 11 celulares foram apreendidos em endereços ligados a Monique, Jairinho e ao engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai de Henry.

Até o momento, o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, já ouviu 17 testemunhas no inquérito que apura o caso. Além do casal, já prestaram depoimentos parentes de Henry, três médicas do Barra D’Or, três vizinhos, a babá, a empregada doméstica, a professora e a psicóloga, além da secretária de Dr. Jairinho e de duas ex-namoradas do vereador.

Uma das ex-namoradas contou aos policiais que, às 11h46 do dia 8 de março — seis horas e quatro minutos após atestada a morte de Henry —, eles conversaram “como se nada tivesse acontecido”. Em depoimento, a estudante de 34 anos afirmou que o parlamentar lhe enviou mensagens para saber sobre o resultado de seu antibiograma, um exame laboratorial que ela realizaria depois de se queixar de ardência ao urinar.

De acordo com o termo de declaração, o político teria escrito na mensagem de WhatsApp: “Preciso saber o que deu no antibiograma. Tem que tratar, tem que tratar”.

Ao responder que não fez o exame, a mulher foi repreendida por ele: “Que loucura é essa?”. Ela disse que, em momento algum, o ex-namorado contou o que havia acontecido com Henry. A mulher ficou sabendo da morte do menino por amigos em comum e, depois, pela imprensa. O corpo de Henry foi liberado do Hospital Barra D’Or para o IML por volta de 13h do dia 8.

VEJA TAMBÉM: Jornalista renomado que acusou Jairinho de tortura perdeu a esposa e filhos

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