Redação Pragmatismo
Notícias 21/Mar/2021 às 11:13 COMENTÁRIOS
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Blogueira perseguida por bolsonaristas relata ataques de pânico

Publicado em 21 Mar, 2021 às 11h13

Blogueira vê vida virar de cabeça para baixo após filho do presidente Jair Bolsonaro compartilhar seu vídeo nas redes. Além das ameaças de morte seguidas por crises de pânico, a jovem perdeu o emprego

Tininha Mattos
Tininha Mattos

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) anunciou na última terça-feira (16/3) que abriu um processo contra a blogueira Tininha Mattos. O filho do presidente da República pede R$ 40 mil em reparações, mas essa não é a pior parte.

Para seus milhões de seguidores, Eduardo compartilhou o vídeo em que a influenciadora aparece, em tom de ironia, lamentando o fato de ter chegado atrasada ao trabalho e não ter conseguido realizar um atentado contra Jair Bolsonaro (sem partido). Naquele dia, o presidente estava visitando a cidade de Tininha.

Nas imagens que provocaram a ira dos bolsonaristas, Tininha afirma que Eduardo é a figura que ela “mais odeia” da família presidencial. “Vocês estão vendo isso aqui? Isso são lágrimas. Eu cheguei atrasada no trabalho, e descobri que o Bolsonaro estava aqui com todos os filhos, e eu perdi a oportunidade de fazer o escândalo do século”, disse a influenciadora no vídeo.

Ao compartilhar as imagens, Eduardo escreveu: “Não tenho menos honra por ser filho do presidente e tudo dito nestes vídeos ultrapassam em muito o limite de uma crítica ou brincadeira, principalmente após a facada”.

Tininha afirma que sua vida virou um inferno após Eduardo incentivar a militância a atacá-la. O vídeo viralizou nas redes de sustentação ao bolsonarismo e a influenciadora conta que os agressores não se limitaram a enviar mensagens para ela.

“Foram atrás do meu trabalho exigindo demissão, foram no Instagram da minha irmã me ofender por direct. Um indivíduo chegou até mesmo a ir no Instagram de uma amiga de infância comentar em uma foto nossa falando que eu estava com os dias contados e que iria morrer”, relata.

Além do encerramento do contrato de trabalho, os ataques também lhe renderam crises de pânico recorrentes e um medo constante. Medo este que a impede de prestar queixa formal pelos ataques. “Eu não sei se mexer nisso tudo pode me colocar ainda mais em risco”, explica.

A influenciadora reforça que seu vídeo era uma brincadeira e foi mal interpretado: “Era apenas uma brincadeira em tom nitidamente jocoso. E em seguida eu me retratei deixando muito claro que não tive nenhuma outra intenção que não fosse a de brincar ou fazer uma piada. Achar que eu represento real risco ao presidente e seus filhos chega a ser risível”.

Tininha lembrou do caso do youtuber Felipe Neto, que foi intimado a depor no âmbito da Lei de Segurança Nacional por ter chamado o presidente Jair Bolsonaro de genocida. “Veja bem, eu não sou o Felipe neto, eu não tenho a notoriedade do Felipe e a proteção que a mesma traz”. A denúncia contra Neto foi feita por um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro.

A influenciadora conta que sempre foi criticada por usar suas redes para defender o feminismo e pautas de esquerda, mas os ataques nunca foram tão violentos como agora. Desta vez, Tininha chegou a ser hackeada e teve suas senhas divulgadas.

Bolsonaro e a Lei de Segurança Nacional

O uso da Justiça para intimidar opositores do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos é cada vez mais comum. No dia 4 de março, um jovem foi preso com base na mesma lei após publicar em seu Twitter uma mensagem comentando a visita do presidente Bolsonaro a Uberlândia.

Nesta semana, cinco jovens foram presos em Brasília por estenderem uma faixa de protesto contra o presidente na Praça dos Três Poderes. Eles foram acusados de infringirem a Lei de Segurança Nacional. Um deles, Rodrigo Pilha, foi enviado para o presídio da Papuda.

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