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Tragédia 18/Fev/2021 às 21:45 COMENTÁRIOS
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"Pai, não deixa eu morrer": Incêndio que matou 3 irmãos pode não ter sido acidental

Publicado em 18 Fev, 2021 às 21h45

"Pai, não deixa eu morrer aqui". Após depoimento de vizinha e série de contradições nas declarações do pai, polícia diz que não descarta nenhuma hipótese em investigação de incêndio que matou três irmãos. Crianças foram adotadas por casal que estava junto há 15 anos e se separou recentemente

irmãos morreram incêndio
Três irmãos morreram em incêndio

Três irmãos morreram em um incêndio depois que a casa em que eles dormiam pegou fogo em Poá, na Região Metropolitana de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (17).

De acordo com a polícia, as vítimas são Fernanda Verônica Reis de Faria e Vieira, de 14 anos; Gabriel Reis de Faria e Vieira, de 9 anos; e Lorenzo Reis de Faria e Vieira, de 2 anos. Os irmãos mais velhos haviam sido adotados em 2014 e o caçula em 2019. Os três foram carbonizados e as causas do incêndio estão sendo investigadas.

O corpo de Fernanda foi encontrado no banheiro. O irmão, Lorenzo, estava no centro do quarto das crianças. Já o corpo de Gabriel estava próximo a uma janela. Uma testemunha do incêndio contou ter ouvido pedidos de ajuda, inclusive de uma criança, que teria gritado: “Pai, não deixa eu morrer aqui”.

A polícia diz que não descarta nenhuma hipótese, inclusive a de que o incêndio não tenha sido acidental. Isto porque, segundo a investigação, o depoimento de um dos pais das crianças foi repleto de contradições.

Ricardo Reis de Faria e Vieira é o pai que estava no imóvel no momento da tragédia. A polícia decidiu prendê-lo temporariamente por causa das contradições de seu depoimento. Uma dessas incongruências está no fato dele ter dito que acordou com o cheiro de fumaça e não com os gritos das crianças.

Ricardo compartilhava a guarda dos filhos com o ex-companheiro com quem viveu por quase 15 anos. Os filhos foram adotados pelos dois em 2014 e em 2019. O casal se separou há pouco tempo.

A polícia acredita que o incêndio começou no quarto das crianças. “Quando cheguei juntamente com a equipe, a casa toda estava incendiada. Realmente uma imagem muito forte, principalmente quando a gente ingressou no quarto dessas crianças onde os três estavam mortos naquele quarto. Aquela imagem que eu não queria ter presenciado, infelizmente aconteceu. Uma situação absurda”, contou o delegado Eliardo Jordão.

“A prisão temporária não aponta, não acusa ninguém. É uma prisão processual, um instrumento jurídico para viabilizar a continuidade das investigações. Este foi o motivo em razão de algumas contradições que nós constatamos ao longo do dia”, afirmou Jordão.

Entre as respostas que a polícia procura está o motivo para o quarto das crianças, que tinha grade nas janelas, estar trancado. “O bebê não era comum dormir nesse quarto. São algumas versões, contradições que ao longo do dia estamos checando. O quarto estava trancado, outro fato que temos que esclarecer, quem trancou e por que estava trancado?”, pontuou o delegado.

Outra contradição é que Ricardo afirmou em depoimento ter ido até a janela, pelo lado de fora, após ter percebido o incêndio, mas que os filhos não estavam no quarto. Mas no momento do incêndio, ele foi até a delegacia, que fica a poucos metros da casa, pedir ajuda para arrombar a porta e dizendo que os filhos estavam lá.

“Ele veio pedir socorro na delegacia, porque as crianças estavam trancadas lá e ele não conseguia arrombar a porta. O policial civil foi até a casa e arrombou a porta. Em razão das chamas, não conseguiu avançar até o quarto, ingressar no quarto”, disse o delegado.

O outro pai das crianças, Leandro José Reis de Farias e Vieira, que mora em Mogi das Cruzes, chegou ao local pela manhã e ficou desolado com o que encontrou. Familiares diziam que as crianças eram muito amadas pelos dois pais.

“Eles dois amavam as crianças. As crianças eram tudo pra eles. A gente não sabe o que aconteceu”, disse Maria de Lourdes Reis, tia das crianças.

O delegado confirmou que ouviu informações positivas sobre a relação dos pais com os filhos. “Sempre foram exemplo de família. As crianças, educação ímpar. Sempre bem tratadas, criadas. Os relatos são os melhores possíveis”.

Em 2019, a família chegou a dar entrevista à TV Globo para falar da adoção de crianças por casais homoafetivos. Na época, a filha mais velha expressou sua felicidade com os pais. “Não tem família certa ou errada. O importante é o amor”, disse a menina.

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