Redação Pragmatismo
Saúde 08/Fev/2021 às 09:54 COMENTÁRIOS
Saúde

África do Sul suspende vacina de Oxford após ineficácia contra variante

Publicado em 08 Fev, 2021 às 09h54

África do Sul suspende uso da vacina de Oxford. O governo vai esperar conselhos de cientistas sobre como agir depois dos resultados em testes conduzidos pela Universidade de Witwatersrand demonstrarem ineficácia contra nova cepa

África do Sul suspende vacina de Oxford ineficácia contra variante coronavírus
Vacina AstraZeneca da Universidade de Oxford (Imagem: gva)

A África do Sul vai suspender o uso de vacinas da AstraZeneca para o coronavírus em seu programa de imunização. O motivo, segundo o governo, é que a vacina oferece “proteção limitada” contra doenças leves e moderadas causadas pela variante do vírus.

O ministro da saúde, Zweli Mkhize, disse neste domingo que o governo vai esperar conselhos de cientistas sobre como agir depois dos resultados decepcionantes em testes conduzidos pela Universidade de Witwatersrand.

O governo pretendia aplicar a vacina da AstraZeneca para trabalhadores do setor de saúde em breve, depois de ter recebido 1 milhão de doses produzidas pelo Instituto Serun, da Índia, na segunda-feira.

Ao invés disso, serão oferecidas vacinas desenvolvidas pela Johnson & Johnson e pela Pfizer nas próximas semanas, enquanto especialistas avaliam como o imunizante da AstraZeneca pode ser utilizada.

O que isso significa para o nosso programa de vacinação, que dissemos que começará em fevereiro? A resposta é que continuará”, disse Mkhize, em uma entrevista coletiva online.

A partir da próxima semana e pelas próximas quatro semanas, esperamos ter vacinas da J&J, vacinas da Pfizer. Portanto, o que estará disponível para os profissionais de saúde serão essas vacinas”.

A vacina AstraZeneca permanecerá conosco … até que os cientistas nos dêem indicações claras sobre o que precisamos fazer”, acrescentou ele.

Proteção limitada

A farmacêutica britânica AstraZeneca disse no último sábado, 6, que sua vacina desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford aparentemente oferece apenas uma proteção limitada contra a infecção causada pela variante sul-africana da covid-19, com base nos primeiros dados de um teste.

O estudo da Universidade de Witwatersrand, da África do Sul, e da Universidade de Oxford mostrou que a vacina reduziu significativamente sua eficácia contra a variante sul-africana, de acordo com uma reportagem do Financial Times.

Neste pequeno estudo de fase I e II, os dados iniciais mostraram eficácia limitada contra infecções leves principalmente devido à variante sul-africana B.1.351”, disse um porta-voz da AstraZeneca em resposta à reportagem do FT.

O jornal disse que nenhum dos mais de 2.000 participantes do estudo foi hospitalizado ou morreu.

No entanto, não fomos capazes de determinar adequadamente seu efeito contra infecções graves e contra hospitalização, uma vez que os indivíduos eram predominantemente adultos jovens saudáveis”, disse o porta-voz da AstraZeneca.

A empresa disse acreditar que sua vacina poderá proteger contra infecções graves, visto que a atividade de anticorpo neutralizante era equivalente à de outras vacinas contra Covid-19 que demonstraram proteção contra casos mais sérios.

O teste, que envolveu 2.026 pessoas, com metade sendo o grupo placebo, não foi revisado por pares, disse o FT. Embora milhares de mudanças individuais tenham surgido à medida que o vírus se transforma em novas variantes, apenas uma pequena minoria provavelmente será relevante ou alterará o vírus de forma perceptível, de acordo com o British Medical Journal.

A Universidade de Oxford e a AstraZeneca começaram a adaptar a vacina contra esta variante e irão avançar rapidamente no desenvolvimento clínico para que esteja pronta para entrega no outono (do Hemisfério Norte), caso seja necessário”, disse o porta-voz da AstraZeneca.

Nova versão

Os desenvolvedores da vacina de Oxford/AstraZeneca afirmaram que estão trabalhando em um nova versão da vacina para combater a nova variante do coronavírus encontrada na África do Sul, disse à BBC uma das pesquisadoras envolvidas.

A declaração vem após novos estudos preliminares sugerirem que a vacina atual da AstraZeneca deve ter eficácia menor contra casos leves de novas variantes.

Uma expectativa é que a vacina atual da AstraZeneca seja efetiva para prevenir casos graves de coronavírus e hospitalizações, conforme disse a companhia em um comunicado anterior, mas não todos os casos leves. Os estudos em outras vacinas atuais — como a Coronavac, testada pelo Instituto Butantan e também usada no Brasil — têm mostrado resultados na mesma linha, com a possibilidade de que evitem a ocorrência de casos mais graves.

Leia também: Médicos do AM descrevem “nova Covid” mais rápida e letal entre jovens

É fácil adaptar a tecnologia”, disse Sarah Gilbert, uma das pesquisadoras líderes do programa da vacina de AstraZeneca/Oxford, em entrevista à BBC neste domingo, 7.

Gilbert diz que o trabalho já está em desenvolvimento e que é “muito provável” que uma vacina contra a nova variante esteja disponível no outono do hemisfério norte (a partir de setembro no calendário do Brasil).

A pesquisadora confirmou também que a vacina tem eficácia menor contra a variante da África do Sul, mas disse acreditar na capacidade de que as vacinas atuais, ainda que menos eficazes contra as variantes, possam reduzir casos graves.

Reuters

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS