Redação Pragmatismo
Violência 12/Jan/2021 às 19:29 COMENTÁRIOS
Violência

Ator chora ao relatar 'fratura exposta' após ser espancado em Alagoas

Publicado em 12 Jan, 2021 às 19h29

"Eu fiquei com muito medo pela minha família. Também fico com medo de ficar com sequelas para sempre". Testemunha diz que agressores são filhos de ex-governador e amigos do prefeito de Barra de São Miguel (AL). Ator teria reclamado de realização de festa

Henri Casteli (esq) e Zezeco (dir). Segundo testemunhas, ator teria sido agredido por pessoas que estavam com o então prefeito de Barra de São Miguel (AL)

O ator Henri Castelli relatou que foi agredido covardemente por quatro homens na madrugada do dia 29 para 30 de dezembro no hotel Marina, em Alagoas. O ator teve a mandíbula fraturada e mostrou imagens nas redes sociais na noite da última segunda-feira (11). O caso foi registrado na delegacia e os agressores identificados.

Segundo o delegado Fabrício Lima do Nascimento, responsável pela Delegacia da Barra de São Miguel (AL), a confusão teria começado após o ator reclamar de uma festa que foi organizada mais cedo no hotel Marina.

As investigações iniciais apontam que os responsáveis pelas agressões são filhos de um ex-governador do estado e estavam acompanhados do prefeito de Barra de São Miguel, Zezeco, que também é dono do hotel onde o caso ocorreu.

“Henri foi questionar um dos organizadores do evento. Na mesa estavam quatro casais. Os agressores afirmam que Henri não gostou da realização da festa e a confusão teria iniciado”, conta o delegado.

José Medeiros Nicolau, popularmente conhecido como Zezeco, exercia mandato de prefeito de Barra de São Miguel no dia das agressões. Ele deixou o cargo em 1º de janeiro e nega ter sido cúmplice do espancamento.

Segundo testemunhas, os seguranças do hotel Marina não separaram a briga, e o estabelecimento se recusou a entregar as filmagens do ocorrido.

“Os agressores têm barco na Marina e são as pessoas mais ricas de lá. O pessoal era amigo do prefeito da cidade e dono do Marina, que eles esconderam as câmeras. Se o Henri tivesse feito qualquer coisa de errado, eles seriam os primeiros a divulgarem essas filmagens. Eles estão privando a gente disso, porque o dono da Marina é amigo dos caras e está protegendo os amigos. Fora que os seguranças não prestaram socorro, o processo civil cabe para eles também”, disse uma testemunha sem se identificar.

Os nomes dos suspeitos de agredir Henri Casteli são: Guilherme Aciolly, Humberto Vilar, André Vilar e Bernardo Malta de Amorim.

O relato de Henri

Nesta segunda, Henri relatou o ocorrido através de uma série de vídeos nos stories do Instagram.

“Anunciaram há pouco que eu entrei numa briga em Alagoas, o que não é verdade. Foi muito triste o que aconteceu comigo. Vocês devem ter visto que eu dei entrada na Santa Casa de Alagoas no final do ano por ocasião de um acidente na academia. Mas a verdade é que não foi um acidente e não foi na academia. Eu fui agredido covardemente, sem que eu pudesse reagir ou me defender. Eu estava com alguns amigos e, do nada, fui puxado pelas costas, pelo pescoço, jogado no chão e agredido. Vítima de socos e chutes no rosto, que levaram a uma fratura exposta na minha mandíbula. A impressão que eu tinha é de que minha boca estava pendurada naquele momento”, relatou o ator.

“Os vídeos serão juntados ao processo. O médico e sua equipe optaram por amarrar a minha boca com um fio de aço para que eu fizesse a cirurgia em São Paulo e pudesse cumprir meus compromissos de trabalho”, detalha.

“Minha assessora me ligou perguntando por que eu havia ido ao hospital. Decidimos falar sobre o acidente na academia para não assustar a minha família. Minha mãe só soube de tudo quando eu voltei do hospital”.

“Já naquele momento foi possível identificar os agressores. Alguns já foram chamados para prestar esclarecimentos. Era dia 30 de dezembro, e o laudo foi juntado apenas na segunda-feira seguinte ao Ano Novo”, conta.

“Pensava apenas na minha família, nos meus filhos. Fiquei com muito medo de ficar com sequelas pra sempre. Minha boca ainda tá torta, e ainda está muito inchado, muito roxo. Fui para o hospital, para o Einstein, e fiquei internado. No dia seguinte, dia 8, eu estava indo para uma cirurgia. Foi preciso tomar uma anestesia geral e graças a Deus foi tudo bem. De início eu ficaria internado até ontem, mas tive alta no mesmo dia”.

“Ia vir contar no sábado, só que acordei com um novo hematoma no rosto e no peito. Fui novamente à delegacia fazer um novo laudo. Agora vou precisar de descanso, acompanhamento clínico por um tempo, remédio e torcer para que não haja sequela nenhuma. Há muito o que se fazer ainda”.

Zezeco se pronuncia

Zezeco, cujo mandato de prefeito terminou no dia 31 de dezembro, usou as redes sociais para negar o envolvimento no caso. Em nota, ele disse conhecer ambas as partes envolvidas e que repudia qualquer ato de violência.

O ex-prefeito negou também que estaria dificultando disponibilizar as imagens das câmeras do local onde as agressões ocorreram. “Nosso sistema não estava funcionando. Jamais ordenaria aos seguranças para não separarem uma briga, seja ela qual for. No momento do ocorrido, eu não estava próximo e não pude presenciar os detalhes”, disse.

(Ex-prefeito Zezeco)

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