Redação Pragmatismo
Saúde 22/Dez/2020 às 14:36 COMENTÁRIOS
Saúde

Nova cepa do coronavírus provoca caos no Reino Unido

Publicado em 22 Dez, 2020 às 14h36

Imagem de centenas de caminhões presos na autoestrada para chegar ao porto inglês de Dover reflete o caos vivido no Reino Unido pela nova variante do coronavírus

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Foto: Getty Images/via BBC

BBC News

A imagem de centenas de caminhões fazendo fila na autoestrada para chegar ao porto inglês de Dover se tornou um símbolo do isolamento do Reino Unido desde o fim de semana.

No sábado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou novas restrições devido à disseminação de uma nova variante do coronavírus no sudeste da Inglaterra — que parece mais contagiosa do que outras, embora não seja mais letal — e logo depois, dezenas de países cancelaram voos para o país.

A França anunciou o fechamento de sua fronteira com o Reino Unido por 48 horas, medida que impedia a saída de caminhões do porto de Dover.

Por causa disso, filas quilométricas de caminhões estão sendo observadas nas estradas e rodovias da região inglesa de Kent, transformando alguns trechos em estacionamentos improvisados.

Durante meses, as autoridades britânicas ensaiaram a Operação Stack, destinada a lidar com problemas de fronteira que poderiam surgir com o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que deve ser concluído em 31 de dezembro.

O repentino fechamento da fronteira com a França fez com que os mesmos planos fossem colocados em prática para minimizar o caos no transporte de mercadorias.

A França poderia restaurar o tráfego entre os dois países em poucas horas, testando os caminhoneiros para o coronavírus antes de cruzarem a fronteira.

Embora seja permitido viajar da França para o Reino Unido, muitas empresas não querem correr o risco de ficar presas em solo britânico.

Isso significa que há um temor de desabastecimento de produtos em lojas e supermercados nos dias antes do Natal, embora as autoridades tenham instado os cidadãos para evitar a compra por pânico, porque, segundo elas, não haverá falta de comida.

A rede de supermercados Sainsbury’s, a segunda maior do Reino Unido, alertou que pode haver uma escassez “de alface, outras saladas, couve-flor, brócolis e frutas cítricas nos próximos dias”.

Nova cepa do coronavírus

A nova cepa do coronavírus fez com que vários países fechassem suas fronteiras aéreas e/ou marítimas com o território britânico para evitar que a mutação se espalhasse também para outros países. Mas porque essa mutação está chamando tanto a atenção, se é normal que vírus sofram mutações constantes?

Segundo os britânicos, os temores com essa variante, chamada de H69/V70, tem como foco a rápida disseminação dela —que já superou a mutação anterior em Londres e no sudeste da Inglaterra — e a possibilidade de que essa alteração afeta partes importantes da estrutura do vírus.

Dados do ECDC (Centro Europeu para Controle de Doenças) mostram que a nova cepa circula desde novembro —o Reino Unido fala em detecção no país em setembro — e os três primeiros casos confirmados dela fora do território da Inglaterra (na Austrália e na Dinamarca) têm ligações com o foco de Londres.

“Já é verificada uma difusão internacional, mesmo que não se conheça a extensão”, publicou a entidade em nota. A Itália também já identificou um primeiro caso ligado a uma pessoa que voltou recentemente de Londres, assim como os Países Baixos, Bélgica e África do Sul.

Para a ECDC, “não há indicações no momento de uma maior gravidade da infecção ligada a essa nova mutação”, mas o órgão ressalta que a fase de transmissão ocorreu em um período do ano em que “tradicionalmente, aumentam os contatos familiares e sociais”.

“Dada a atual falta de dados sobre essa nova variante que se difundiu fora do Reino Unido, servem esforços tempestivos para prevenir e controlar a difusão”, pontua ainda a entidade, pedindo aos europeus para notificarem imediatamente casos da mutação no sistema da União Europeia. Até o momento, porém, o ECDC não acredita que a H69/V70 provoque alterações capazes de tornar ineficazes as vacinas contra a covid-19, que já estão sendo aplicadas em diversos países.

Atualmente, a principal mutação do Sars-CoV-2 havia ocorrido na Europa em fevereiro: o vírus que veio da China sofreu uma alteração, chamada de mutação G614, e tornou-se mais contagioso do que a “versão” asiática, virando a cepa mais incidente no mundo todo.

Conforme as primeiras informações, a H69/V70 já havia sido identificada anteriormente, incluindo no organismo nos visons abatidos na Dinamarca, mas não tinha se espalhado rapidamente entre humanos. Agora, os cientistas buscam mais dados para entender a alteração.

Se a alteração seguir o “roteiro” da G614, o maior impacto será na proliferação da doença do que na mortalidade. Porém, ainda serão necessários estudos mais aprofundados.

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