Redação Pragmatismo
Barbárie 23/Nov/2020 às 20:36 COMENTÁRIOS
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Novo vídeo mostra Beto agonizando antes de morrer e segurança debochando

Publicado em 23 Nov, 2020 às 20h36

Segurança fez pouco caso enquanto Beto dava últimos suspiros antes de morrer. Funcionárias se contradizem em depoimentos sobre atritos da vítima

seguranças beto carrefour

Novas imagens das agressões de dois seguranças do Carrefour contra João Alberto Silveira Freitas, 40, mostra que enquanto o cliente negro era imobilizado e gemia no chão, um terceiro funcionário disse para ele parar de fazer “cena”.

Beto Freitas morreu após ser espancado por dois seguranças do estabelecimento — Magno Braz Borges e o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva — na última quinta-feira (19), em Porto Alegre. Os dois homens estão presos.

Beto aparece gemendo no vídeo, já deitado no chão do estacionamento. Segundos depois, Silva grita para uma pessoa que está a sua volta: “ele se botou numa colega lá dentro”. A esposa do cliente, Milena Borges Alves, 43, está próxima e rebate: “Não botou nada, mentira tua. Vocês tentaram me agredir também.”

Um segurança, que não teve o nome revelado, aproxima-se do cliente, abaixa-se e diz: “Oh rapaz! Sem cena, tá? A gente te avisou da outra vez.”

Após algum tempo, a fiscal Adriana Alves Dutra também chega perto de Beto e começa a falar: “Calma, calma para eles poderem te soltar. A Brigada (Militar) está chegando aí.” Ele diz alguma coisa, mas não é possível compreender, mas parece ser um pedido para ser solto. “Não, a gente não vai te soltar para tu bater em nós de novo”, complementa Adriana.

Funcionárias se contradizem

Depoimentos de duas funcionárias do mercado mostram contradições nos relatos. Uma fiscal disse que nunca o tinha visto e que não entendeu por que ele estava agindo daquela maneira.

Já a agente de fiscalização Adriana Alves Dutra, a mesma que aparece no vídeo do estacionamento pedindo que as imagens não fossem gravadas e que é considerada investigada pela polícia, disse que a colega relatou para ela que Beto teria tido atrito com outros funcionários em outras ocasiões.

Uma cliente do supermercado que presenciou a morte de João Alberto afirmou à polícia que os seguranças que espancaram e mataram a vítima ficaram “desorientados” ao perceber que ele não respirava mais.

A testemunha afirmou que se aproximou da confusão quando estava chegando ao supermercado e viu que havia um homem imobilizado no chão.

Ela disse que percebeu que a vítima “apresentava sinais visíveis de asfixia”, e que avisou os seguranças do fato, mas que eles pediram que “não se intrometesse em seu trabalho”.

Um pouco depois, ela teria constatado alteração da tonalidade da cor dos lábios e das extremidades dos dedos de João Alberto. Neste momento, alertou novamente os seguranças, “mas já era tarde”.

A testemunha relata, então, que nesse momento, os seguranças, assustados, indagaram às pessoas que ali se encontravam se havia alguém que soubesse checar sinais vitais. Um senhor então teria se aproximado e informado a ocorrência do óbito.

Os seguranças teriam ficado desorientados e se mantiveram junto ao corpo da vítima por alguns instantes antes de se afastarem. Ainda segundo a cliente, o Samu teria levado cerca de uma hora para chegar ao local.

Relembre o caso

Beto foi morto na última quinta-feira (19) no Carrefour da zona norte de Porto Alegre. Segundo a esposa dele, o casal foi ao supermercado para comprar ingredientes para um pudim de pão e adquirir verduras. Gastaram cerca de R$ 60. Ela conta que ficaram poucos minutos no Carrefour e que Beto saiu na frente em direção ao estacionamento. Ao chegar ao local, Milena se deparou com o marido se debatendo no chão. Ele chegou a pedir ajuda, mas a esposa foi impedida de chegar perto dele.

Imagens revelam que um dos agressores ficou mais de 4 minutos com a perna flexionada sobre as costas de Beto. Nos Estados Unidos, George Floyd foi mantido por 7 minutos e 46 segundos com o joelho do policial sobre o pescoço dele, segundo os promotores de Minnesota.

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