Redação Pragmatismo
Notícias 25/Nov/2020 às 14:20 COMENTÁRIOS
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"Me pergunto se o povo seguirá me amando", disse Maradona em última entrevista

Publicado em 25 Nov, 2020 às 14h20

"Me dá muita pena ver as crianças que não têm o que comer" e "Às vezes me pergunto se o povo seguirá me amando" foram algumas das frases ditas por Maradona em sua última entrevista

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Maradona após procedimento cirúrgico no dia 3 de novembro

Por diversas vezes, Diego Armando Maradona driblou os boatos sobre sua morte e as circunstâncias que poderiam levá-lo ao óbito. Porém, por volta das 13h15 desta quarta-feira (25), chegou a informação de que o ex-jogador argentino faleceu em sua casa, aos 60 anos, após uma parada cardiorrespiratória.

Maradona foi operado no dia 3 de novembro para remover um hematoma subdural. Porém, sofreu com uma baixa anímica, anemia e desidratação, que o mantiveram internado até 11 de novembro, quando finalmente teve alta hospitalar e foi levado para sua residência em Buenos Aires.

Em sua última entrevista, em 30 de outubro, dia do seu aniversário, Maradona deixou mensagens de saudade dos pais, falou da pandemia que o agoniava e o fazia temer pela saúde e felicidade de seu povo. E mais: revelou que desconfiava se seria amado para sempre.

“Ao povo vou ser eternamente grato. Todos os dias me surpreendem. O que vivi neste retorno ao futebol argentino não vou me esquecer jamais. Superou tudo o que eu podia imaginar. Estive muito tempo fora e às vezes me pergunto se o povo vai seguir me amando. Se seguirão sentindo a mesma coisa”, disse o gênio argentino ao ‘Clarín’.

Maradona estava de volta ao futebol como técnico do Gimnasia e se sentia emocionado pelo carinho que recebia pelos campos no futebol argentino. “Quando entrei no campo do Gimnasia no dia da apresentação senti que o amor com o povo nunca vai terminar”.

Maradona também disse: “fui e sou muito feliz”. Sincero, admitiu que as drogas encurtaram sua carreira. “O futebol me deu tudo o que tenho. Mais do que poderia imaginar. Se não tivesse tido o vício poderia ter jogado muito mais. Mas hoje isso é passado. Estou bem e o que mais lamento é não ter mais “meus velhos” (os pais). Sempre faço esse pedido, queria um dia mais com a Tota (mãe), mas sei que ela está no céu, orgulhosa de mim e que foi muito feliz”.

Sob efeitos da pandemia do novo coronavírus — ele perdeu um cunhado e teve a irmã infectada –, Maradona também pediu pela recuperação e por cuidados ao povo argentino. “Meu desejo é que passe o quanto antes esta pandemia e que a minha Argentina possa seguir adiante. Quero a todos argentinos bem, temos um país maravilhoso e confio que nosso presidente vai poder nos tirar deste momento”.

“Me dá muita pena quando vejo crianças que não têm o que comer e eu sei o que é passar fome. Sei o que sentem na “pança” quando não comem por vários dias e isso não pode acontecer no meu país. Esse é o meu desejo, ver os argentinos felizes, com trabalho e comendo todos os dias”, acrescentou.

Maradona

Diego Maradona estreou em 1977 pela seleção argentina. Tinha apenas 16 anos e todo o país desejava que fosse convocado para a Copa do Mundo de 1978, disputada na Argentina e ganha pelos argentinos.

Em 1986, veio a consagração. No México, Maradona, que já era uma estrela mundial, teve uma atuação épica e levou a Copa do Mundo, pela segunda vez, para a Argentina. Durante o torneio, o craque argentino fez um dos mais importantes gols de sua carreira, nas quartas-de-final, contra a seleção da Inglaterra.

Quatro anos antes, ingleses e argentinos guerrearam pela posse das Ilhas Malvinhas, um arquipélago ao sul da Argentina, que acabou sob comando da Inglaterra, após conflitos sangrentos, que vitimaram cerca de 650 soldados argentinos.

Durante a Copa do Mundo, um gol de mão e outro antológico, driblando metade do time inglês, serviram para eliminar a seleção europeia. Era a vingança de Maradona e de todos os argentinos.

com Brasil de Fato e Clarín

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