João Campos encosta em Marília Arraes após ataques apócrifos, mostra Datafolha
Vantagem que Marília Arraes tinha para João Campos evaporou, aponta nova pesquisa Datafolha. Com direito a guerra religiosa, espetáculo de difamação promovido pela campanha do filho de Eduardo Campos parece ter dado resultado. Ofensiva contou até com denúncia requentada pela revista Veja
![Marília Arraes e João Campos](https://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2020/11/marilia-arraes-joao-campos-1.jpg)
Marília Arraes (PT) viu sua vantagem sobre João Campos (PSB) evaporar na última semana, segundo a mais nova pesquisa Datafolha para a eleição no Recife (PE).
O levantamento foi realizado entre os dias 24 e 25 de novembro e tem margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Na última pesquisa Datafolha, Marília tinha 7 pontos de vantagem sobre João nos votos totais. Agora, a diferença entre os candidatos é de apenas 3 pontos percentuais. Nos votos válidos, a dianteira que era de 10 pontos agora é de apenas 4.
Veja os números relativos aos votos totais:
Marília Arraes (PT): 43% (tinha 41% na pesquisa anterior)
João Campos (PSB): 40% (tinha 34% na pesquisa anterior)
Em branco/nulo: 13% (era 21% na pesquisa anterior)
Não sabe/não respondeu: 4%
VOTOS VÁLIDOS
Nos votos válidos, os resultados foram os seguintes:
Marília Arraes (PT): 52% (tinha 55% na pesquisa anterior)
João Campos (PSB): 48% (tinha 45% na pesquisa anterior)
Para calcular os votos válidos, são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição. Para vencer no 2º turno, um candidato precisa de 50% dos votos válidos mais um voto.
SEGMENTO
De acordo com o Datafolha, Marília Arraes leva vantagem entre os homens (46% a 36%) e entre as mulheres ela fica no mesmo patamar de seu adversário, porém numericamente atrás (41% a 43%). Entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, ela abre distância (47% a 33%). Na faixa seguinte, de 25 a 34 anos, a petista tem 43%, ante 41% do candidato do PSB.
No eleitorado de 35 a 44 anos, Campos fica numericamente à frente (45% a 37%), e entre quem tem de 45 a 59 anos as posições se invertem, com a deputada do PT abrindo vantagem (48% a 34%). No grupo de eleitores mais velhos, com 60 anos ou mais, o candidato do PSB tem 44% e Marília, 43%.
Na parcela com escolaridade fundamental, Campos tem 48%, ante 42% da adversária. Entre eleitores com escolaridade média, Marília Arraes obtém 42%, ante 39% do deputado do PSB, e entre os mais escolarizados a candidata do PT lidera (47% a 32%).
OFENSIVA APÓCRIFA
A disputa do segundo turno pela prefeitura do Recife (PE) tem sido uma das mais sujas do Brasil. Isto porque o candidato João Campos (PSB) enfrentou um cenário muito mais adverso do que se previa há três meses.
Desde a semana passada, Recife tem amanhecido com cartazes apócrifos colados em vários muros da cidade e panfletos distribuídos e jogados nas ruas.
Nos panfletos e cartazes, Marília Arraes é apontada como uma figura insensível e perversa e acusada de ser “contra a Bíblia”. Ataques semelhantes se repetiram na propaganda de TV de João Campos. A justiça proibiu Campos de questionar a religiosidade de Marília, mas o estrago já estava feito.
REVISTA VEJA
Além da guerra religiosa, no início da semana a revista Veja entrou de cabeça na disputa pela prefeitura do Recife com o aparente objetivo de manipular a eleição municipal.
A Veja requentou uma denúncia contra Marília Arraes que acusava a candidata pela prática de ‘rachadinha’ em seu gabinete na época em que ela exercia mandato de vereadora na capital pernambucana.
A denúncia, que já havia sido arquivada pelo Ministério Público, foi amplamente utilizada pela campanha de Campos nesta reta final e pautou os veículos de comunicação da imprensa de Pernambuco.
Para reforçar a acusação, a Veja divulgou o que seriam recortes de áudios entre Marília e o deputado Túlio Gadêlha (PDT) falando sobre a prática de rachadinha.
Túlio reagiu, acusando a revista de disseminar notícia falsa às vésperas da eleição e sugerindo que a matéria havia sido paga pela candidatura de João Campos (PSB). “Solicitei perícia para comprovar a manipulação do áudio”, afirmou o deputado.
A campanha de João Campos é uma das mais ricas do Brasil e conta com as estruturas da prefeitura municipal do Recife e do governo de Pernambuco.
Além de ordenar que João Campos interrompa a ‘guerra religiosa’, a Justiça também determinou que o candidato pare de exibir em seu guia eleitoral o áudio de Túlio Gadêlha, já que a gravação não tem autenticidade comprovada.