Redação Pragmatismo
Justiça 02/Out/2020 às 17:20 COMENTÁRIOS
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Kassio Nunes desagrada radicais bolsonaristas e presidente se irrita

Publicado em 02 Out, 2020 às 17h20

Após surpreender ao definir Kassio Nunes para a vaga de Celso de Mello no STF, Bolsonaro se irrita com críticas e pressões de radicais bolsonaristas, que chegaram a vincular o nome do escolhido ao PT

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Kassio Nunes (Reprodução/AnotaBahia)

Nesta sexta-feira (02), após o presidente Jair Bolsonaro indicar o desembargador Kassio Nunes, do Tribunal Regional Federal da 1° Região, para a vaga do ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal, internautas levantaram a TAG #BolsonaroPetista.

Na quarta-feira (30), a ala mais radical do bolsonarismo militante levantou que a esposa do futuro ministro tem cargo no Senado Federal e sempre trabalhou para petistas. Por Nunes ter sido nomeado por Dilma, os bolsonaristas o consideram “comunista”.

Um dos maiores defensores de Bolsonaro, o blogueiro Allan dos Santos fez duras críticas ao presidente. Em postagem no Twitter, Allan repercutiu uma declaração de Bolsonaro em que ele relativiza o fato de Nunes ter liberado a compra de lagostas e vinhos no STF. “Falou merda”, disse o dono do blog Terça Livre.

Após ser bombardeado por seus eleitores, Bolsonaro buscou dar justificativas e disse que “qualquer indicado iria apanhar”. “É uma covardia o que estão fazendo com Kassio”, afirmou o presidente.

Jair Bolsonaro afirmou ter ficado chateado com pessoas que o apoiavam e agora estão “virando as costas”, mas disse que o voto é um direito de cada um. Segundo ele, o que não se deve fazer é “ver defeito” em “tudo”.

Ao comentar a decisão de Kassio que liberou a licitação do STF que previa a compra de itens considerados de luxo, Bolsonaro perguntou se se deve servir “angu e tubaína” a autoridades, embora no Alvorada, de sua parte, “não entre lagosta”.

Em seguida, o presidente pediu para supor que um dos apoiadores seja vegetariano, entre com ação no Supremo para que o tribunal não compre filé mignon e um juiz de primeira ou segunda instância acate o pedido.

Kassio Nunes Marques

O nome do desembargador Kassio Nunes Marques, 48 anos, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), foi publicado na edição desta sexta-feira (2) do “Diário Oficial da União” como indicado para assumir a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no lugar de Celso de Mello, que antecipou a aposentadoria.

A articulação para a indicação de Kassio Marques começou no final da tarde de terça-feira (29), quando o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), telefonou para o ministro Gilmar Mendes, do STF, na presença do presidente Jair Bolsonaro.

Alcolumbre disse a Gilmar Mendes que Bolsonaro gostaria de conversar pessoalmente com o ministro. Logo depois, acompanhado de Kassio Nunes, Bolsonaro chegou à casa de Mendes. O ministro Dias Toffoli, que deixou a presidência do STF neste mês, também participou da conversa.

Para assumir como ministro, Kassio Marques terá de passar por uma sabatina no Senado Federal e depois ter o nome aprovado pela maioria absoluta dos senadores, segundo estabelece a Constituição Federal.

Kassio Marques entrou para o TRF-1 em 2011, na cota de vagas para profissionais oriundos da advocacia. Ele foi escolhido pela então presidente Dilma Rousseff.

Natural de Teresina, foi advogado por 15 anos, fez parte da Comissão Nacional de Direito Eleitoral e Reforma Política da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Piauí e também foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral do estado.

O magistrado é formado em direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), com especialização em processo e direito tributário pela Universidade Federal do Ceará (UFCE) e mestrado em direito constitucional pela Universidade Autônoma de Lisboa e doutorado pela Universidade de Salamanca, Espanha.

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