Redação Pragmatismo
Povos indígenas 18/Ago/2020 às 14:14 COMENTÁRIOS
Povos indígenas

Extremistas atacam escola indígena, queimam livros, documentos e destroem móveis

Publicado em 18 Ago, 2020 às 14h14

Além dos danos materiais, os fundamentalistas ainda deixaram as paredes pichadas, com mensagens ofensivas aos indígenas. A escola é diferenciada por oferecer o ensino do Yaathe, o único idioma indígena ainda vivo na região Nordeste

fogo escola indígena
(Imagens/Reprodução)

Cida de Oliveira, RBA

A comunidade indígena Fulni-ô, de Águas Belas, no interior de Pernambuco, está chocada com o ataque contra a Escola Indígena Marechal Rondon, na própria aldeia. O crime aconteceu de madrugada, na primeira semana do mês de agosto.

A escola foi alvo de um incêndio que deixou destruídos livros da sala de leitura, parte da secretaria, documentos de alunos, móveis e o forro e parte das paredes. O fogo chegou a comprometer a estrutura do prédio.

Além dos danos materiais, os autores do ataque ainda deixaram mensagens pichadas com ofensas aos indígenas.

Vizinhos da escola relataram ao site local IGS Web que, quando viram a fumaça, ligaram imediatamente para funcionários, o que possibilitou o controle do fogo antes que a escola fosse destruída. A Polícia Civil investiga o caso. A Fundação Nacional do Índio (Funai) também acompanha as investigações.

A escola é diferenciada. Além de oferecer o ensino da língua indígena Yaathe, a única originária ainda viva na região Nordeste, desenvolve um trabalho singular. Com práticas pedagógicas específicas, adaptadas à comunidade, tornou-se símbolo de conquistas de direitos do povo indígena.

O pajé Gildiere Pereira afirma que o sentimento do povo é de tristeza e revolta. “Foi uma coisa muito ruim. A escola é um grande recurso para o povo fulni-ô. Quem fez isso poderia usar o seu sentimento em saber que a escola está preparando os nossos índios, nossos jovens. Por qual motivo fazer isso com a escola?”.

O pajé diz ainda que espera que a política se esforce para achar os responsáveis. “As autoridades lá de fora devem ficar cientes, devem agir. Se esse crime ficar impune, corre risco de acontecer coisa pior aqui na aldeia”, alerta.

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