Redação Pragmatismo
Saúde 28/Abr/2020 às 15:56 COMENTÁRIOS
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"Me sinto humilhado", diz filho de vítima após saber que corpos serão empilhados

Publicado em 28 Abr, 2020 às 15h56

Além de enterrados em valas comuns, corpos de vítimas de coronavírus agora serão empilhados em camadas triplas. Familiares protestam: "Não é digno; não há respeito algum. Me sinto humilhado pelo poder público". Sepultamentos também passam a ocorrer durante a noite

enterros manaus
Cemitério em Manaus realiza enterros durante a noite para atender demanda. — Foto: Chico Batata/Divulgação

Em Manaus, familiares denunciaram que os caixões com corpos estão aguardando para serem empilhados nas valas comuns abertas no Cemitério Nossa Senhora da Aparecida.

Manaus teve, neste domingo (26), o maior registro de enterros feitos desde o início da pandemia do novo coronavírus. Em 24 horas, foram 140 sepultamentos e duas cremações registrados só na capital.

Desde a manhã desta segunda-feira (27), Janecy Lobato luta para enterrar dignamente o sogro, que faleceu por insuficiência pulmonar. “Disseram que vão enterrar um em cima do outro e que nós devemos aceitar. Isso não é digno. Somos cidadãos que pagaram impostos, temos direitos de enterrar nossos entes dignamente. Isso é desumano”, disse.

Leonardo Garcia, que aguarda no cemitério para enterrar o pai, que morreu por causas naturais, também se diz revoltado com a situação. “Querem enterrar vários corpos. Um em cima do outro. Não há respeito algum. Disseram que não tem espaço e a única saída é enterrar os corpos empilhados. Me sinto humilhado, desprezado pelo Poder público”, lamentou.

Com aumento no número de mortes e o risco de colapso no sistema funerário, Manaus também passa a ter enterros noturnos. Uma TV local flagrou o movimento no cemitério, que realizava enterros com a ajuda de refletores para iluminar sepulturas e máquinas.

Atualização: A Prefeitura de Manaus informou, na tarde desta terça-feira, 28, que pretende cancelar o sepultamento em “sistema de camadas”. A decisão se dá em razão dos protestos de dezenas de familiares de vítimas de Covid-19. O método, que pretendia colocar um caixão em cima do outro em valas mais profundas, provocou revolta.

No entanto, a prefeitura informa que vai manter o modelo de valas comuns, chamadas de trincheiras, “como já vinha ocorrendo, preservando a identidade dos corpos e o vínculo das famílias”.

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