Redação Pragmatismo
Saúde 29/Abr/2020 às 16:15 COMENTÁRIOS
Saúde

Hospital do Rio tem fila de corpos e secretário fala em "curva descontrolada"

Publicado em 29 Abr, 2020 às 16h15

Hospital do RJ tem fila de corpos de vítimas de coronavírus e até BO por falta de médicos – muitos se demitiram diante das condições precárias de trabalho. Secretário de Saúde fala em "curva descontrolada" de casos e prevê colapso. Estado comprou mil respiradores, mas só recebeu 52

corpos hospitais rio de janeiro

O Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, está com a capacidade do necrotério lotada por causa das vítimas da Covid-19. O hospital acumula corpos enfileirados em cima de macas nos corredores. As denúncias foram feitas por funcionários do local.

Dois profissionais do Lourenço Jorge morreram em decorrência do coronavírus e ao menos sete médicos pediram demissão alegando falta de condições de trabalho. Uma enfermeira do hospital registrou ontem ocorrência policial após a morte de uma paciente com a doença, que sofreu parada cardiorrespiratória na ala dedicada ao tratamento de coronavírus. Não havia médico no local.

O necrotério do hospital tem capacidade para 25 corpos. Nesta terça-feira (27), o estacionamento foi isolado para a instalação de um contêiner refrigerado, a exemplo do que já ocorre em hospitais de Manaus (AM).

“Na segunda-feira [27], quando saí do plantão, vi que isolaram o estacionamento com uma fita. Achei que fosse alguma obra. Hoje [ontem], colocaram um contêiner colado na porta do necrotério. Tem muita gente morrendo. É assustador”, relata a técnica de enfermagem Elaine Sales.

Curva descontrolada

O secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, disse nesta quarta-feira (29) que o Rio de Janeiro está em uma “curva descontrolada” de casos de Covid-19. Segundo ele, com a falta de leitos e o número de infectados em evolução, o estado deve entrar em colapso entre o fim de maio e o início de junho.

“Nós temos 8 mil casos. Se a gente entender que tem de 15 a 20 de não diagnosticados para cada um desses, a gente tem uma base de 140 mil pessoas infectadas. Isso projeta para as próximas duas semanas a necessidade de 21 mil leitos de enfermaria e 7 mil de CTI, o que obviamente é matematicamente impossível”, disse Santos.

“Não há sistema de saúde no mundo que acompanhe um crescimento desse [de infectados]. O que a gente infelizmente imagina que vai acontecer nas próximas semanas, independentemente dos leitos que serão abertos, é que a necessidade por esses leitos seja muito maior do que a capacidade”, afirmou Santos.

Carência de respiradores

Documentos da Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmam que de mil respiradores comprados, só 52 chegaram até agora aos hospitais da rede pública de saúde do RJ, ou seja, 5% do total. Os equipamentos são indispensáveis no tratamento de casos graves de Covid-19.

O Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro investigam os contratos. As três empresas foram contratadas entre os dias 21 de março e 1º de abril. Os três contratos somam um valor que ultrapassa R$ 180 milhões.

Há duas semanas, o governador Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, foi obrigado a montar uma operação de guerra para conseguir respiradores, após ter compras atravessadas pelos EUA e pelo próprio governo Bolsonaro.

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