Redação Pragmatismo
Notícias 05/Mar/2020 às 12:06 COMENTÁRIOS
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Ronaldinho Gaúcho usou passaporte de outra pessoa e permanece detido

Publicado em 05 Mar, 2020 às 12h06

Ronaldinho Gaúcho: de ídolo no futebol a bolsonarista detido no Paraguai. Ex-jogador, que é embaixador do turismo do atual governo, usou passaporte com número de outra pessoa, diz promotor

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(Imagem: Marcos Correa/PR)

O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto de Assis Moreira foram detidos nesta quarta-feira, em Assunção, sob suspeita de entrar no Paraguai com passaportes falsos — os documentos originais deles estão retidos pelas autoridades brasileiras devido a um entrave na Justiça.

Os irmãos permanecem sob custódia policial em um hotel de luxo nos arredores da capital paraguaia até prestarem depoimentos nesta quinta-feira no Ministério Público, que decidirá sobre a possibilidade de mantê-los em custódia.

A Polícia Nacional emitiu uma ordem de detenção contra o ex-jogador após receber informações das autoridades migratórias de que teria desembarcado no aeroporto internacional de Assunção portando documentos adulterados. A partir disso, foi feita uma busca na suíte por agentes fiscais e da Polícia Nacional.

Segundo a Promotoria, os dois irmãos disseram ter ido a Assunção a convite do empresário Nelson Belotti, dono do cassino Il Palazzo. Também mencionaram que o ex-jogador apresentaria nesta quinta na cidade um programa de assistência pediátrica gratuita e itinerante, quando também falaria sobre seu livro Gênio da vida.

Dezenas de pessoas foram ao aeroporto para receber Ronaldinho, que passou sem incidentes pelos controles migratório e alfandegário. Em seguida, ele recebeu o título de “Visitante Ilustre de Assunção” em uma cerimônia na prefeitura da capital.

Ronaldinho teve seu passaporte brasileiro recolhido pelas autoridades brasileiras devido a problemas com a Justiça. O ex-jogador e seu irmão, também ex-jogador profissional e empresário de Ronaldinho, foram condenados a pagar várias multas que chegam a quase 10 milhões de reais por construções irregulares em áreas de preservação ambiental à beira do lago Guaíba, em Porto Alegre.

Ronaldinho e seu irmão foram condenados em 2015 e, desde então, ignoraram várias tentativas de cobrança das multas pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande dou Sul. Ao se contrapor a um habeas corpus para revisar a pena, o Ministério Público Federal argumentou que os acusados ridicularizavam a Justiça e a sociedade.

Pouco mais de um mês depois da ordem judicial, em dezembro de 2018, eles entregaram os passaportes, e desde então Ronaldinho deixou de cumprir sua intensa agenda de compromissos comerciais no exterior.

Embora impedido de viajar para fora do país, o ex-jogador recebeu do governo Bolsonaro, em setembro, o título de embaixador do turismo brasileiro. A função é voluntária faz parte de um programa da Embratur em que personalidades exercem o papel de embaixadoras de atrações turísticas do Brasil.

Ronaldinho foi uma das celebridades que aderiram à campanha de Jair Bolsonaro à presidência. Na véspera do primeiro turno, o ex-meia do Barcelona postou imagem com uma camisa da seleção e o número 17, revelando seu voto “por um Brasil melhor, desejo paz, segurança e alguém que nos devolva a alegria”.

Promotor

O promotor Federico Delfino, que pertence ao combate ao crime organizado em Assunção, concedeu entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (05/03) para esclarecer pontos sobre a detenção de Ronaldinho Gaúcho.

“Se checou a documentação, que chamou a atenção. Verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano”, explicou Federico Delfino.

Ainda de acordo com o promotor, Ronaldinho e seu irmão devem ter recebido os passaportes em uma sala VIP do aeroporto em Assunção, já que saíram do Brasil apresentando documentos nacionais.

“Eles não fizeram nenhum processo para obter a nacionalidade paraguaia. Disse que foi um presente das pessoas que o trouxeram ao país. Segundo entendemos, fizeram a imigração paraguaia com este documento, mas saíram do Brasil com documentação brasileira”, afirmou Delfino.

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