Redação Pragmatismo
Notícias 29/Mar/2020 às 16:07 COMENTÁRIOS
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Na Paraíba, carreata pró-coronavírus é recebida com ovadas e panelaços

Publicado em 29 Mar, 2020 às 16h07

Dominadas por carros de luxo, carreatas bolsonaristas que defendem o fim do isolamento contra o coronavírus aconteceram em diversas cidades. Na Paraíba, população reagiu jogando ovos, xingando e fazendo panelaço. Em SC, povo atirou esterco de cavalo nos veículos

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Carreatas anti-isolamento social e, portanto, favoráveis à disseminação do coronavírus aconteceram em todo o Brasil neste fim de semana (Imagem: Eduardo Matisyak/Futura Press/Bruno Kelly/Reuters)

Carreatas e buzinaços foram registrados neste sábado em vários pontos do país pedindo a reabertura do comércio, fechado para evitar a propagação do coronavírus. Ao mesmo tempo, diversas localidades do país registraram reação contrárias a estes atos, sejam com decisões judiciais, processos contra organizadores ou protesto de parte da população.

Na Paraíba, a carreata foi organizada por grandes comerciantes e empresários e desencadeou reações negativas nas ruas da capital João Pessoa. Segundo a imprensa local e vídeos que circulam na internet, muitas pessoas xingaram, vaiaram, fizeram panelaços de protesto e chegaram até a jogar ovos nos carros.

Em Santa Catarina, o blog local ‘Política Hoje’ informou que os carros da carreta foram recebidos com ‘bosta de cavalo’. “Manifestantes pró-Bolsonaro foram às ruas para uma carreata. O ato foi estimulado pelo movimento ‘Conservadorismo Floripa’ e reuniu cerca de 20 veículos. Em alguns locais, a população acabou jogando esterco de cavalo nos carros”, descreve.

Em Belo Horizonte (MG), a prefeitura local multou cerca de 50 carros que estavam se dirigindo para uma manifestação. E o governador de Santa Catarina, que havia determinado a retomada das atividades na próxima semana, voltou atrás disse que o estado continuará de quarentena.

No Pará, seguindo oritenação do governador Helder Brarbalho (MDB), a polícia civil intimou dois organizadores de carretas. “Estamos trabalhando para identificar e indiciar todos os envolvidos na organização deste evento que vai de encontro com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde referentes às ações de isolamento para evitar a proliferação do novo coronavírus. Se o evento ocorrer, iremos identificar os participantes e indiciá-los na forma da Lei”, explicou o delegado-geral Alberto Teixeira.

Há alguns dias, o vídeo de uma primeira carreata ocorrida em Balneário Camboriú foi divulgado pelo próprio Jair Bolsonaro. O conteúdo serviu para estimular os atos em outras cidades (relembre aqui).

Campanha publicitária

Além das carreatas, o governo Bolsonaro lançou uma campanha publicitária que contraria as recomendações das principais autoridades sanitárias do mundo e defende o afrouxamento das medidas de isolamento social adotadas no país para conter o novo coronavírus. A campanha, que tem como slogan a frase “o Brasil não pode parar”, foi lançada dois dias depois de o presidente minimizar os riscos da doença durante um pronunciamento em rede nacional.

Os vídeos da campanha começaram a circular na noite de quinta-feira (26) em contas do governo e de filhos do presidente. No sábado (28), a Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou, em caráter liminar (temporário), que o governo pare de veicular a campanha em veículos de comunicação como “rádio, televisão, jornais, revistas, sites ou qualquer outro meio, físico ou digital”. O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal e acatado pela juíza Laura Bastos Carvalho.

VEJA TAMBÉM: Governo da Paraíba fez tudo o que Jair Bolsonaro recriminou

A Secretaria Especial da Comunicação Social da Presidência da República, que havia feito postagens com os materiais em seus perfis oficiais no Twitter e no Instagram, deletou os posts e divulgou, no sábado de manhã, uma nota negando a existência de peças publicitárias com o slogan.

(Imagens: Eduardo Matisyak/Futura Press/Bruno Kelly/Reuters)

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