Redação Pragmatismo
Saúde 17/Mar/2020 às 13:45 COMENTÁRIOS
Saúde

Coronavírus: o silêncio da mídia sobre o confinamento dos pobres

Publicado em 17 Mar, 2020 às 13h45

Já se sabe que, no Brasil, os mais necessitados serão as grandes vítimas da pandemia. Uma pergunta que inquieta, mas nunca foi abordada pela imprensa entre as dúvidas sobre o coronavírus: os pobres, principalmente os sem emprego fixo, vão aguentar o confinamento sem dinheiro no bolso, sem conta no banco e sem trabalho?

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(Imagem: Leopoldo Silva/Agência Senado/FotosPúblicas)

Moisés Mendes, em seu blog

Uma pergunta que inquieta, mas nunca foi abordada pela imprensa entre as dúvidas sobre a pandemia: os pobres, principalmente os pobres sem emprego fixo, vão aguentar o confinamento sem dinheiro no bolso, sem conta no banco e sem trabalho?

É complicado, porque não há como o pobre fugir do confinamento, mesmo que em contextos e circunstâncias completamente diferentes da classe média.

Se não for assim, se os pobres não se aquietarem em casa, como advertem os especialistas em saúde pública, o massacre será maior do que o previsto.

Já se sabe que os pobres serão as grandes vítimas da pandemia. Se continuarem transitando livremente, a tragédia será multiplicada.

A solução? Os deputados de esquerda deveriam pressionar o governo para que assegure o fornecimento de alimentos básicos para as famílias de trabalhadores informais, durante o tempo em que ficarem em casa.

Trabalhador informal não tem salário fixo, nem Netflix, nem sabe quando poderá voltar a fazer bicos.

A direita e Paulo Guedes dirão que não há como cadastrar e selecionar quem vai receber ajuda. Se quisessem, haveria. E também vão dizer que não há dinheiro.

Tem, sim. Cortaram mais de 2 milhões de mães do Bolsa Família. Mas já estão preparando socorro para as companhias aéreas, até para as empresas de cruzeiro e para bancos que ameaçam quebrar.

Tem que ter dinheiro para arroz e feijão. E nem falamos ainda dos moradores de rua, que devem ter um suporte especial. Imagina-se que os prefeitos já tenham pensando nisso. Se é que os prefeitos pensam em pobres.

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“As classes médias podem se isolar, usar álcool gel, fazer coisas pela internet. Os pobres, não. Quando a epidemia explodir, ela vai dizimar os pobres desse país. Podemos retardar a explosão dessa epidemia. Mas, quando ela explodir, vai flagelar especialmente a população pobre. As condições de vida dessa população favorecem o coronavírus. Nas casas onde moram vivem muitas pessoas, há poluição ambiental, é preciso trabalhar o tempo todo. Essa precariedade não está sendo objeto de políticas públicas no Brasil” — Ligia Bahia, médica sanitarista e professora da UFRJ.

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