Redação Pragmatismo
Educação 16/Dez/2019 às 19:56 COMENTÁRIOS
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Jair Bolsonaro chama Paulo Freire de "energúmeno" e diz que TV Escola deseduca

Publicado em 16 Dez, 2019 às 19h56

Jair Bolsonaro chama Paulo Freire de “energúmeno” e diz que TV Escola deseduca: “Programação de esquerda que promove ideologia de gênero com recursos públicos”. Emissora exibiu documentário com Olavo de Carvalho na última semana

O educador Paulo Freire
O educador Paulo Freire

O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) defendeu nesta segunda-feira (16) o fim do contrato do Ministério da Educação com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), responsável pela gestão da TV Escola. Segundo o militar, a emissora “deseduca”.

“Era uma programação totalmente de esquerda, ideologia de gênero. Dinheiro público para ideologia de gênero. Então tem que mudar”, disse.

Na sexta-feira (13), a Acerp foi informada pela pasta que não haveria a renovação do contrato, por motivos financeiros. No Twitter, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu o fim da parceria, com base no valor do contrato, que seria de R$ 700 milhões em cinco anos.

A Roquette Pinto nega esse valor e afirma que o previsto contratualmente é a metade do indicado pelo Weintraub: R$ 350 milhões. De acordo com a Acerp a instituição foi praticamente expulsa do prédio do MEC.

Nesta manhã, o presidente Bolsonaro mencionou o valor, mas sem citar o período de vigência do contrato. “Trezentos e cinquenta milhões de reais que seriam jogados no lixo”, disse.

O militar aproveitou a ocasião para criticar o educador brasileiro internacionalmente conhecido Paulo Freite, alvo de parte da direita bolsonarista. “Tem muito formado aqui em cima dessa filosofia do Paulo Freire. Esse energúmeno (ignorante, boçal, imbecil, segundo definição do dicionário Houaiss) aí, ídolo da esquerda”, completou.

O presidente citou os dados do Pisa, índice elaborado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para medir a educação, na sua resposta, defendendo que o mau resultado tem relação com o tipo de educação praticada no Brasil.

“Estamos em último lugar no mundo, se eu não me engano, matemática, ciências e português. Acho que um ou dois itens somos os últimos da América do Sul. Vamos esperar o que desse Brasil com esse tipo de educação?”, disse.

Documentário com Olavo de Carvalho

Além do fim da parceria com o MEC, a TV Escola também virou notícia nos últimos dias, com a veiculação de um documentário sobre a história do Brasil, que contou com a participação do ideólogo de direita Olavo de Carvalho.

Na sexta-feira, o departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) se posicionou contrário ao conteúdo. ” A série é, de fato, uma peça de propaganda ideológica de um grupo extremista”, disse.

“O objetivo da série é defender uma posição política de extrema direita, alinhada com o pensamento do atual grupo que exerce a Presidência da República e sua guerra particular contra a cultura e o conhecimento científico”, complementa.

Na nota, assinada por professores e alunos, eles comentam ainda o fim da relação da TV com o MEC, classificando o fim do contrato como “lamentável notícia”. “Para agravar ainda a situação de desmonte das instituições culturais, no momento em que redigimos esta Nota recebemos a lamentável notícia de que o Ministério da Educação pretende não renovar o contrato de gestão que permite a TV Escola funcionar”, afirmou.

Paulo Freire

Paulo Freire foi declarado o patrono da educação brasileira em 2012. O educador desenvolveu uma estratégia de ensino baseada nas experiências de vida das pessoas, em especial na alfabetização de adultos.

Uma das obras de Freire, “Pedagogia do Oprimido”, é o único livro brasileiro a aparecer na lista dos 100 títulos mais pedidos pelas universidades de língua inglesa consideradas pelo projeto Open Syllabus.

No mês passado, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) alterou a plataforma criada para os professores buscarem cursos de aperfeiçoamento profissional e retirou a homenagem ao educador Paulo Freire do nome. Agora, a “Plataforma Freire” se chama “Plataforma da Educação Básica”.

com Congresso em Foco

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