Redação Pragmatismo
Polícia Militar 05/Jul/2019 às 17:28 COMENTÁRIOS
Polícia Militar

PM metralha carro de músicos, mata dançarina e fere cantora na BA

Publicado em 05 Jul, 2019 às 17h28

"Foi tudo muito rápido. Atiraram para matar. Eu saí do carro gritando e com as mãos para cima: 'Parem de atirar, somos músicos, somos trabalhadores. Parem pelo amor de Deus'. Foi aí que eles pararam". Sanfoneiro também foi atingido e corre risco de amputação

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Dançarina Gabi, de 25 anos, morreu após abordagem policial na Bahia (reprodução)

Uma ação catastrófica da Polícia Militar da Bahia na madrugada desta sexta-feira (5) ocasionou a morte da dançarina Gabriela Amorim, de 25 anos. Outras duas pessoas ficaram feridas, todas da banda cearense de forró ‘Sala de Reboco’.

Quatro integrantes da banda — duas dançarinas, o sanfoneiro e a cantora — e o motorista estavam em um carro, quando o veículo foi atingido por tiros disparados por policiais militares que seguiam o veículo na região de Irecê (BA).

Além de Gabriela, que morreu, outras duas pessoas foram atingidas: o sanfoneiro Eliedelson Possidônio Júnior, de 32 anos e a cantora Joelma Rios, de 44 anos.

Joelma foi atingida nas nádegas e de raspão no braço. Após receber atendimento, foi liberada do hospital. “Foi tudo muito rápido. Atiraram para matar. Eu nunca passei por isso”, desabafou a cantora.

“Imprudência. Infelizmente perdemos nossa companheira, Gabi. Era uma menina maravilhosa, tão meiga. A gente vai voltar sem ela, a família esperando”, lamentou Joelma.

Gabriela e Possidônio foram socorridos para o Hospital Regional de Irecê. A dançarina não resistiu aos ferimentos. Já o sanfoneiro corre o risco de perder a perna — ele teve a panturrilha estraçalhada.

O irmão da vítima disse que o sanfoneiro foi atingido por um tiro de rifle. “É um tiro de grande impacto. É um risco muito elevado para amputação. Fraturou dois ossos da perna. Há o risco”, contou.

A ação

Joelma disse que o carro da banda passou a ser perseguido por outro veículo e que eles não perceberam que era uma viatura pois as luzes estavam baixas e o giroflex desligado.

“As meninas perceberam e falaram: ‘Tem alguém seguindo a gente’. Para desviar seguimos por outras ruas da cidade e chegamos a achar que não tinha mais ninguém nos seguindo. Até que tinha um carro atravessado na rua, no escuro e só ouvimos os disparos. Assustado, o motorista acelerou. Cada um tem uma reação diante de um caso desconhecido”, relembra.

Versão da PM

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o carro furou dois bloqueios feitos pela polícia e que foram encontradas garrafas de bebidas alcoólicas no interior do automóvel.

Joelma nega que havia garrafa de bebida alcoólica no carro e que estavam na contramão. Disse também que não houve nenhum bloqueio policial.

“Se a gente tivesse furado o bloqueio, os tiros teriam sido no fundo do carro, mas os disparos também foram na frente do veículo. Possidônio, o sanfoneiro, foi atingido e estava sentado no banco da frente do carro. Vieram tiros de frente e não foi de imediato que percebemos que foi a polícia. Se a gente notasse que era uma abordagem policial, nós teríamos parado porque não devemos nada a ninguém e não estávamos cometendo qualquer crime”, contou.

“Eu saí do carro gritando e com as mãos para cima: ‘Parem de atirar, somos músicos, somos trabalhadores. Parem pelo amor de Deus’. Foi aí que eles pararam. Daí eu vi que Gabi tinha sido atingida. As testemunhas se assustaram. As pessoas começaram a sair das suas casas. Espero que isso não fique impune por uma atitude impensada. Me senti uma ladra de alta periculosidade, me senti um lixo, passar por tudo isso, por alguém que deveria nos dar segurança”, concluiu.

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