Redação Pragmatismo
Justiça 12/Jun/2019 às 16:29 COMENTÁRIOS
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Seis palpites sobre quem está por trás da #VazaJato

Publicado em 12 Jun, 2019 às 16h29

As conversas divulgadas pelo Intercept são gravíssimas. Quem fez estas mensagens chegarem aos jornalistas sabe exatamente o terremoto político que as revelações irão causar. Por que fez? Quais serão as consequências? Eis algumas suspeitas

#VazaJato Moro Dallagnol
Dallagnol e Moro, os principais personagens da #VazaJato até agora (Imagens: ABr)

por Ricardo Capelli*

Informações não brotam do chão. No jogo do poder, acreditar em informantes desinteressados é como afirmar que papai noel existe.

As conversas divulgadas pelo The Intercept são gravíssimas. Expôs as vísceras do projeto de poder da “Aliança do Coliseu”, conluio entre agentes públicos “neopositivistas”, antinacionais e anti-povo com as Organizações Globo.

Quem fez estas mensagens chegarem aos jornalistas sabe exatamente o terremoto político que as revelações irão causar. Por que fez? Quais serão as consequências? Vamos começar pelos suspeitos.

Rússia e China – O mundo vive uma crise de transição de hegemonia. O Brasil jogava este jogo ao lado dos BRICS até Bolsonaro ser eleito. Os russos estão na Venezuela bancando Maduro. Os chineses em choque aberto com os EUA. O Brasil não é um país qualquer. Putin e Xi Jinping vão ficar de braços cruzados olhando o país virar um quintal de Trump?

O “Deus” Mercado – Com a guinada ultraliberal de Guedes e o “feirão da estatais” liberado pelo STF, os “negócios” estão em alta. Não faz sentido manter uma Operação tresloucada que, na ânsia de pegar alguém da esquerda, morda seu calcanhar também. Botar os “cachorros” de volta na casinha é a palavra de ordem na Avenida Paulista.

A Disputa de Poder no MPF – O golpe abriu as portas do fascismo e da desintegração social. Os poderes estão trincados. A briga em torno da escolha do próximo PGR é silenciosa, mas fratricida. Que tal tirar Dallagnol da jogada?

Jair Bolsonaro – A desgraça de Moro e Dellagnol pode ser útil para o Jair. Primeiro, se livra de um possível concorrente direto com mais popularidade que ele. De quebra, o Capitão, sob o clima de desmoralização do ministério público, indica quem ele quiser para a sucessão de Dodge. Maquiavélico demais? Muito raciocínio pra ele? Pode ser…

Hackers da Esquerda – hoje em dia é bom não duvidar de nada nem de ninguém. Meia dúzia de nerds fizeram a Grã-Bretanha aprovar o Brexit, derrubaram Theresa May e deixaram o país à deriva. Considerando a surra que a esquerda levou nas redes nas eleições, seria uma virada espetacular, e muito pouco provável.

“Hackers Pela Liberdade da Informação” – existe uma rede internacional de hackers no submundo da internet que defende a liberdade da informação. Segundo esta nova religião, as informações querem ser livres e nenhum tipo de restrição ou privacidade é admitida. As eleições brasileiras e as conspirações que a cercaram aguçam os que querem chutar o sistema, ou não?

O jornalista Glenn Greenwald é senhor absoluto do tempo e do jogo. O Intercept foi criado nos EUA a partir de um fundo que contou com a doação de 250 milhões de dólares do bilionário Pierre Omidyar. Não estamos diante de amadores.

Os primeiros movimentos de Bolsonaro foram os de praxe. Sempre que surgia uma denúncia contra um ministro, Dilma soltava uma nota dizendo que ele possuía a confiança total dela. A imprensa seguia martelando e o coitado acabava faxinado. Quanto tempo vai levar para Moro virar um problema para o governo?

Estadão, Folha de SP, BandNews, OAB e outros já pedem a sua cabeça. A elite rachou. Doria pregou equilíbrio com um sorriso escondido – é outro que adoraria tirar Moro do seu caminho. Mourão deixou sua marca também, perceberam? “O Ministro Moro é da total confiança do presidente”, declarou o vice. Por que não “da minha ou da nossa confiança”?

A Globo fez o esperado. Saiu na defesa da “sua Operação”. Barroso, ministro “neoiluminista” do STF, idem. O general Villas Bôas cometeu outro erro. Colocou o futuro da nação nas mãos da República de Curitiba. Os militares foram seduzidos pelo poder da Esplanada. Pagarão um alto preço por esta nova aventura.

O normal seria Glenn seguir fritando Moro até ele cair, mas os bastidores devem estar fervendo. Há cerca de dois meses, o ex-juiz fez circular que estava perto de anunciar o mandante do assassinato de Marielle Franco. O “vizinho” já está preso. De repente, a notícia sumiu. Queiroz continua “desaparecido” para a PF e para o Ministério Público.

Brasília adora ameaças e chantagens. Moro, Globo, Dallagnol e seu procuradores vão cair calados? Se as próximas revelações forem bombásticas ficará insustentável manter Lula preso. E aí o jogo muda completamente. Entramos na fase do imprevisível. Emoção não vai faltar.

VEJA TAMBÉM: Grupos corruptos do sistema judiciário partem para cima de Glenn Greenwald

*Ricardo Capelli é jornalista e pós Graduado em Administração Pública pela FGV.

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