Redação Pragmatismo
Justiça 12/Jun/2019 às 21:44 COMENTÁRIOS
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Moro e Dallagnol citam apoio de Luiz Fux em novo diálogo vazado

Publicado em 12 Jun, 2019 às 21h44

Novo diálogo mostra que ministro Luiz Fux estava "fechado" com Sergio Moro e Dallagnol. Ex-ministro Teori Zavascki, que faleceu em acidente aéreo, é citado de maneira depreciativa na conversa

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Luiz Fux, ministro do STF (Foto: Sérgio Lima/Poder360)

Leandro Demori, editor-executivo do The Intercept Brasil, revelou com exclusividade para o jornalista Reinaldo Azevedo, da rádio BandNews FM, uma nova conversa envolvendo o ex-juiz Sergio Moro e o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

Pela primeira vez, o nome de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) foi citado: Luiz Fux. O ministro foi responsável por barrar uma entrevista que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concederia à imprensa no ano passado.

No trecho inédito, Dallagnol encaminha para Sergio Moro mensagens que enviou para um grupo de procuradores da operação. A conversa aconteceu no dia 22 de abril de 2016.

Deltan relata um encontro “reservado” que teve com o Fux. O procurador teria procurado o ministro para buscar apoio particular no STF para as ações da Lava Jato.

Deltan estaria preocupado com a “bronca” que Teori Zavascki deu em Sergio Moro após o então juiz divulgar grampos ilegais de conversas pessoais entre o ex-presidente Lula e a então presidente Dilma Rousseff.

Relembre:
Zavascki ataca Sergio Moro por divulgação de grampos

Em resposta, Sergio Moro — atual ministro da Justiça e Segurança Pública — comemora: “Excelente. In Fux we trust (no Fux confiamos, na tradução do inglês)”.

Veja também:
Moro pediu desculpas ao STF após bronca de Zavascki

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O procurador disse ainda (imagem acima) que falou com Fux sobre a “importância de nos protegermos como instituições”; e acrescentou: “em especial no novo governo”. Dallagnol se referia ao governo de Michel Temer.

Naquele momento, em abril de 2016, o impeachment de Dilma já havia sido aprovado na Câmara e o processo encontrava-se na etapa na qual foi formada uma comissão especial no Senado Federal. O diálogo, portanto, leva a crer que Deltan e Moro contavam com a queda da petista. Quatro meses depois, o Senado derrubou Dilma Rousseff definitivamente.

Poucos meses depois, em janeiro de 2017, o ministro Teori Zavascki morreria em um acidente aéreo que até hoje é considerado por muitos como mal explicado. Relembre:

10 fatos sobre a morte de Teori Zavascki que merecem atenção

O jornalista Reinaldo Azevedo, que divulgou o novo diálogo em primeira mão, observou:

“O que terá querido dizer Fux quando asseverou que os procuradores e o juiz podiam “contar” com ele? Fux estava tratando de forma depreciativa um colega — Teori Zavascki — que havia feito uma clara repreensão ao juiz por ter cometido uma ilegalidade. A conversa revela algo ilegal? Não! Trata-se apenas de troço vergonhoso, que, mais uma vez, indica a falta de isenção de membros do Judiciário — nesse caso, de um integrante da Corte máxima — para lidar com o assunto. Insista-se: Fux está a endossar uma ilegalidade num ambiente que lembra, tudo indica, uma conversa entre compadres.

A “confiança” em Fux fazia sentido. Foi o ministro que, agredindo os artigos 5º e 220 da Constituição, proibiu não apenas que Lula desse entrevista como que a Folha a publicasse caso já tivesse sido realizada. Como deixam claro conversas entre procuradores, reveladas por “The Intercept Brasil”, temia-se que eventual entrevista pudesse favorecer o petista Fernando Haddad na disputa eleitoral”

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