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Jair Bolsonaro 04/Mai/2019 às 14:00 COMENTÁRIOS
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Jair Bolsonaro não se compromete com lista tríplice da PGR

Publicado em 04 Mai, 2019 às 14h00

Jair Bolsonaro diz que só respeitará lista tríplice "se houver um nome nosso". Declaração sinaliza que presidente quer o retorno da época do "procurador amigo" e simboliza o aparelhamento ideológico absoluto do estado brasileiro

Jair Bolsonaro lista tríplice da PGR ministério público
Jair Messias Bolsonaro (Imagem: Marcos Corrêa | PR)

blog do Tales Faria

O presidente Jair Bolsonaro tem sido questionado por parlamentares e auxiliares sobre se respeitará a lista tríplice dos procuradores da República para escolha do sucessor de Raquel Dodge como procurador-geral da República.

Lembrado por um líder governista de que não tem se comprometido com a lista elaborada em eleição interna da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), Bolsonaro respondeu:

Não quer dizer que vou desrespeitar a lista tríplice. Mas só vou acolher se incluírem um nome nosso. Não tem sentido colocar um inimigo.”

Outra expressão que o presidente tem usado para definir o sucessor de Raquel de sua preferência é: “tem que ser meu peixe.”

No linguajar informal do presidente, “meu peixe” quer dizer amigo muito próximo, companheiro, aliado.

Mas o mandatário do Planalto sabe que não há muitos nomes próximos a ele entre os procuradores com possibilidade de se candidatar e de figurar entre os três mais votados da ANPR.

Na próxima segunda-feira (6) abrem-se as inscrições para os candidatos à lista tríplice. A eleição está marcada para 18 de junho e a posse, em setembro.

A votação só não foi acolhida em sua primeira edição, em 2001. O então presidente, Fernando Henrique Cardoso, optou por manter no cargo Geraldo Brindeiro, apelidado de “Engavetador-geral da República”.

A partir de 2003, no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, todos os chefes do Ministério Público da União passaram a ser nomeados pelo presidente entre os nomes da lista. Lula e Dilma Rousseff escolheram o primeiro colocado da lista. Michel Temer nomeou Dodge, segunda colocada.

Releia: Próximo Procurador Geral da República pode definir destino político do Brasil

Ao UOL, o presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, afirmou que a escolha pela lista tríplice é uma forma de garantir ao procurador-geral independência em sua atuação. “Sem a lista tríplice, a Lava Jato seria uma sombra do que é“, disse.

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, deverá ser ouvido pelo presidente. Mas Bolsonaro declarou publicamente que não tem compromisso nem com seu auxiliar que comandou a Operação Lava Jato como juiz.

O presidente quer estar livre para escolher até mesmo um nome do Ministério Público Militar (MPM), do Ministério Público do Trabalho (MPT) ou do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Nesse quadro, até a atual chefe de todo o Ministério Público, Raquel Dodge, poderá ser reconduzida. Ela está desgastada entre os procuradores do Ministério Público Federal e não deverá se candidatar à lista da ANPR.

Mas, no caso de um impasse entre nomes da preferência do Planalto e do MPF, a permanência de Dodge pode ser uma solução intermediária. Seu nome conta com a simpatia dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Hoje, há mais de 10 nomes cotados para o cargo, entre candidatos à lista tríplice e aqueles que não se candidatarão, mas esperam ser nomeados por Bolsonaro.

Ou seja, a sucessão de Dodge está absolutamente em aberto.

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