Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 17/Mai/2019 às 09:07 COMENTÁRIOS
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Jair Bolsonaro surpreende e faz "piada" com pênis oriental

Publicado em 17 Mai, 2019 às 09h07

Jornalista e cientista social classificou a cena protagonizada pelo presidente brasileiro como pitoresca: "Com o tiozão do pavê no poder, a vergonha não é uma questão. É oportunidade"

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Antes de desembarcar em Dallas (EUA) na última quarta-feira (14), Jair Bolsonaro (PSL) fez uma breve parada no Aeroporto Internacional de Manaus (AM).

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o encontro do presidente brasileiro com um homem de origem asiática que não fala português. O diálogo que segue entre os dois é surpreendente.

“Brasil, gostoso”, diz o estrangeiro. Bolsonaro ri e, em seguida, dispara: “Tudo pequenininho aí?”. Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, compartilhou imagens da passagem do pai pelo aeroporto de Manaus, mas sem o trecho com a “piada”.

O jornalista e cientista social Matheus Pichonelli classificou a cena protagonizada pelo presidente brasileiro como pitoresca. “Um dos problemas de eleger um tiozão do pavê como presidente é ver o presidente se comportar em público como o tiozão do pavê.”

Em seu blog, Pichonelli continua:

Eis o problema de ter um tiozão do pavê na Presidência e não só nos nossos encontros em família: ele perde a compostura das relações diplomáticas, mas não perde a piada.

Os nossos tiozões dos domingos chegam a se emocionar de tanto orgulho. Suas piadas são agora transmitidas para o mundo. Não há definição melhor de empoderamento.

Assim como o presidente, o tiozão do pavê não aparece em nossas mesa por geração espontânea. Ele e suas piadas constrangedoras são resultado de anos e anos de conversa furada sobre a superioridade masculina, na qual o pênis tem um valor simbólico de poder e prestígio.

“O tio do pavê, para quem não está familiarizado com o doce, é aquele parente que todo domingo aparece na sua casa e pergunta o que tem na geladeira. Se tiver pavê, esquece: a piada virá.

Como o próprio apelido já diz, é ele quem se dispõe a perguntar se a iguaria é pavê ou pacumê. Ele sabe que todo mundo conhece a piada. Sabe que ninguém aguenta mais.

Sabe que ninguém vai rir. Ele se coça e chega a tremer de abstinência no instante em que as papilas gustativas ainda separam pensamento e ação.

O tio do pavê é mais que um estilo: é uma identidade visual. Seria uma filosofia de vida, se ele tivesse qualquer afinidade com a filosofia.

Enquanto tem pavê tem verbo, e ele não costuma economizar oportunidades de desfilar seu abecedário de piadas-prontas para disfarçar seu desinteresse com qualquer assunto que exija um raciocínio mais profundo que um pires.

Se acabar o pavê, ele pensa, todos à mesa vão perceber o seu deserto de ideias.

Então ele aponta o dedo para todo mundo como quem se desvia dos olhares: aponta para a sobrinha que não arrumou namorado, para a sexualidade do sobrinho, para as limitações físicas do cunhado, para o peso da irmã, para as rugas e estrias da atriz convidada do Faustão.

Historicamente, esse tio ou não era levado a sério ou se recolhia chateado no fundo do chinelo Rider, atribuindo ao mimimi e ao politicamente correto toda a sua incompreensão.

De um tempo para cá, esses tiozões descobriram que eram uma legião e se conectaram por aplicativos de mensagem instantânea, por onde enviam piadas sem graça, pornografia barata e maldizem os grupos sociais que passaram a ocupar os espaços de prestígio que eles imaginavam serem deles por direito. Tipo a universidade, aquele cabedal de balbúrdia para o qual não foram chamados.

Os tiozões do pavê deixaram de vagar como alma penada do universo da insignificância e encontraram, no vácuo político, mais que um sentido: encontraram um mito.

Alguém que, como os futuros tiozões do pavê que aproveitaram o desconhecimento da língua portuguesa de uma russa durante a Copa para gravarem e exporem sua piada sobre a cor de seu órgão genital, não perderia a chance de trollar um estrangeiro oriental que pedisse para fazer foto com ele no aeroporto.

Com o tiozão do pavê no poder, a vergonha não é uma questão. É oportunidade.”

Preocupação com pênis

No final do mês de abril, Jair Bolsonaro demonstrou preocupação com casos de homens que têm pênis amputados por falta de higiene íntima. Relembre aqui.

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