Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 22/Mar/2019 às 17:36 COMENTÁRIOS
Jair Bolsonaro

Bolsonaro precisa deixar de ser Bolsonaro, diz cientista político após pesquisa Ibope

Publicado em 22 Mar, 2019 às 17h36

Depois de três meses na Presidência, Jair Bolsonaro continua se comportando como deputado federal, falando para um conjunto restrito de eleitores. A única maneira de deter a sua queda de popularidade no curto prazo é ele deixar de ser ele mesmo

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Jair Bolsonaro (Imagem: Marcos Corrêa | ABr)

Alberto Almeida

O ótimo + bom do Governo Bolsonaro caiu 15 pontos, o regular aumentou oito pontos e o ruim péssimo aumentou 13 pontos. A série de dados em três meses mostra o fenômeno da queda com clareza: o eleitorado deixa de avaliar ótimo e bom, passa pelo regular e termina no ruim e péssimo.

Confira as últimas pesquisas:
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Pesquisa CNT/MDA revela que brasileiros não deram cheque em branco a Bolsonaro

Como a queda da avaliação positiva é rápida, espera-se que por inércia ela continue caindo no próximo mês. Há muitos motivos para uma trajetória dessa natureza, o principal é que o país continua em crise econômica e o governo – seu principal comunicador, o presidente – não “vende” esperança no futuro.

Quando Temer assumiu após Dilma a sua popularidade subiu em relação à antecessora. Era um sinal de que o eleitorado tinha esperança em dias melhores. Porém, como não veio a melhoria, nem o governo se comunicou com a população mostrando que estava se esforçando para que as coisas melhorassem, a popularidade de Temer entrou em queda.

Pode ser que Bolsonaro conheça a mesma trajetória. É importante ressaltar que o Presidente não compreende o seu papel de comunicador na atual posição, ao menos não deu sinais que assim o faz. Bolsonaro não fala para a maioria do eleitorado, não gera esperança em dias melhores e continua evitando as situações midiáticas espontâneas. Não parece que isso será modificado. Ele continua se comportando como deputado federal, falando para um conjunto restrito de eleitores.

O que é uma tarefa difícil, aprovar a reforma da previdência, ficará mais ainda. Os deputados não vão querer votar a favor de algo impopular defendido por um governo impopular, liderado por um presidente sem compostura no cargo.

O beneficiário direto da queda de popularidade do presidente é o PT, porque disputou o segundo turno com Bolsonaro. Há uma parcela de eleitores que jamais votará no PT, eles correspondem a 25% do total. Eles nunca votaram no partido, portanto, não podem ser classificados como anti-petistas. Eles simplesmente dão sustentação social, política e eleitoral à direita e centro-direita. O PT é beneficiário porque volta a ser visto como opção de poder pelos eleitores de centro, aqueles puco ideológicos e muito pragmáticos, que não guardam ressentimentos do passado e desejam dias melhores no futuro.

A única maneira de deter a queda de popularidade no curto prazo é Bolsonaro deixar de ser Bolsonaro, o que implicaria em buscar o centro, diminuir de forma dramática a taxa de conflito, buscar zerar os ruídos políticos, procurar agregar, e passar a falar repetidamente para todo o país para gerenciar as expectativas (esperanças) dos eleitores. Tudo é possível, mas nem tudo é provável.

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