Redação Pragmatismo
América Latina 22/Fev/2019 às 21:16 COMENTÁRIOS
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Crítico de Maduro admite que "não é ajuda humanitária" o plano dos EUA

Publicado em 22 Fev, 2019 às 21h16

Crítico de Maduro admite que não se trata de "ajuda humanitária" o que os EUA estão oferecendo: "É absolutamente cético que Donald Trump afirme estar preocupado com os venezuelanos, oferecendo alguns milhões, quando bilhões de dólares em ativos venezuelanos foram bloqueados por ele"

fronteira venezuela ajuda humanitária
Membros da Guarda Nacional venezuelana na fronteira com a Colômbia (AFP)

Democracy Now, via DCM

Vamos a Caracas, na Venezuela, para uma atualização sobre o impasse crescente entre o presidente Nicolás Maduro e o líder da oposição e autoproclamado presidente Juan Guaidó.

Guaidó alegou que está se preparando para entregar ajuda humanitária da fronteira colombiana no sábado. Maduro rejeitou o plano, dizendo que o esforço é parte de uma tentativa mais ampla de derrubar seu regime.

Isso acontece quando o enviado especial de Trump à Venezuela e o falcão de direita, Elliott Abrams, lidera uma delegação dos EUA viajando de avião militar até a fronteira colombiana, supostamente para ajudar a entregar.

As Nações Unidas, a Cruz Vermelha e outras organizações de ajuda humanitária se recusaram a trabalhar com os EUA para entregar essa ajuda à Venezuela, que, segundo eles, é politicamente motivada.

Falamos com o sociólogo venezuelano Edgardo Lander*, membro da Plataforma do Cidadão em Defesa da Constituição.

“Isso certamente não é ajuda humanitária, e não é orientado com nenhum objetivo humanitário”, diz Lander. “Este é claramente um golpe realizado pelo governo dos Estados Unidos com seus aliados, com o Grupo Lima e a extrema direita na Venezuela.”

Lander continua:

A situação na Venezuela neste momento é bastante tensa. O dia 23 – isto é, sábado – quando a suposta ajuda humanitária deve entrar no país, de acordo com Guaidó, não importa o que seja, representa uma ameaça muito séria à Venezuela, uma ameaça muito séria em termos de possibilidades de violência. Isto certamente não é uma ajuda humanitária; é uma intervenção humanitária.

Se os Estados Unidos estão realmente interessados ​​na democracia, a primeira coisa que eles terão que fazer é parar o bloqueio que afeta enormemente o povo venezuelano. Como o governo venezuelano tem extrema dificuldade em obter acesso aos mercados externos.

Seu comércio é extremamente difícil porque todo o sistema financeiro é, de uma forma ou de outra, controlado pelos Estados Unidos. E esse bloqueio limita as possibilidades de acesso a parceiros comerciais, etc.

Por outro lado, enormes quantias de dinheiro, bilhões de dólares em ativos venezuelanos, foram assumidas pelo governo dos EUA. E é absolutamente cético que o governo dos EUA afirme estar preocupado com a situação humanitária dos venezuelanos, oferecendo alguns milhões de dólares, quando bilhões de dólares estão sendo mantidos longe da capacidade do governo venezuelano de responder à profunda crise que os venezuelanos enfrentam. .

Existe essa ameaça de entrar na Venezuela, não importa o quê. Os falcões e os neocons que acompanham Trump nessas políticas são bem conhecidos. Estas são pessoas como Abrams ou – Elliott, ou Bolton, que tiveram trajetórias conhecidas de intervenções militares em diferentes lugares do mundo. E obviamente não há preocupação alguma pela vida do povo venezuelano.

A situação é tão tensa que o dia 23 pode ser a faísca que inicia uma situação de guerra violenta e até civil no país.

VEJA TAMBÉM: Brasil embarca numa cruzada suicida contra a Venezuela

Então, a absoluta necessidade de encontrar algum tipo de solução, algum tipo de negociação, que pare com essa escalada de violência, é absolutamente crítica. E isso tem que ser feito em breve, porque o sábado é um dia muito crítico.

*Edgardo Lander — Em julho de 2017, Lander foi um dos signatários de uma declaração da Plataforma Cidadania em Defesa da Constituição, cujos membros apoiavam Hugo Chávez, mas eram altamente críticos em relação a seu sucessor, Nicolás Maduro. A declaração pediu um boicote à eleição da Assembléia Constituinte de 2017 e disse, em parte: “O Presidente Maduro e outros porta-vozes do governo argumentaram que essa Assembléia Constituinte buscará a paz e o diálogo. Nada poderia estar mais longe da verdade. Com uma assembléia ilegítima, a possibilidade de diálogo e negociação está encerrada.

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