Redação Pragmatismo
Saúde 11/Jan/2019 às 18:58 COMENTÁRIOS
Saúde

Governo não consegue fechar a conta do Mais Médicos

Publicado em 11 Jan, 2019 às 18h58

Chega ao fim mais um prazo e médicos brasileiros não conseguem preencher vagas deixadas pelos cubanos no Mais Médicos. Governo agora fala em chamar formados fora do país e sem Revalida

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Médicos cubanos deixaram o Brasil após comentário de Jair Bolsonaro (Imagem: Luciano Lanes / PMPA)

Chegou ao fim nesta quinta-feira (10) mais um prazo para o preenchimento de vagas no Programa Mais Médicos. Novamente, os profissionais brasileiros não conseguiram completar os postos.

Já se passaram 2 meses desde que Cuba anunciou o rompimento com o programa e, neste momento, segundo o Ministério da Saúde, mais de 1.400 vagas estão abertas.

Esse número pode ser ainda maior, já que alguns profissionais brasileiros que se apresentaram na primeira etapa desistiram.

Cuba abandonou o Mais Médicos após declarações ofensivas do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que criticou a ausência do Revalida e os termos do convênio com a ilha caribenha.

O governo agora pretende apelar para preencher as vagas restantes e prepara uma convocatória aberta a brasileiros formados no exterior, mesmo aqueles que não tenham realizado o Revalida.

Se, ainda assim, houver vagas não preenchidas, o Ministério da Saúde abrirá, entre 30 e 31 de janeiro, vagas para estrangeiros formado no exterior, sem o Revalida, se inscreverem.

Repercussão

A notícia do não-preenchimento das vagas do Mais Médicos repercutiu na internet, sobretudo porque milhares de cidades pobres permanecem desassistidas de profissionais de saúde.

“Ué, mas o problema não era o Revalida? Antes o Revalida era importantíssimo e foi usado como argumento para depreciar os cubanos. Agora não mais?”, questionou uma internauta.

“Disseram que os cubanos não eram médicos por não terem o Revalida. Agora fazem dezenas de seleções, não conseguem preencher as vagas e irão atrás de médicos de fora do país sem Revalida. Que cagada. No final, ficou provado que o ódio aos cubanos era puro preconceito”, escreveu outro.

Confira mais reações:

— Espero muito ansioso o momento que a medicina deixará de ser uma profissão de elite. E os que se formarem tenham que aceitar o trabalho onde houver necessidade da sua mão de obra. A maioria dos médicos, não todos, mas a grande maioria quer estar em cidades de ponta com toda estrutura que lhe proporcione conforto. Raramente saem do conforto e encaram ir para as periferias, para longe dos grandes centros. E tem mais: desses médicos brasileiros que entraram no Mais Médicos, em menos de 6 meses a metade já terá pedido arrego.

— Cadê os médicos patriotas? A classe médica brasileira e políticos como Jair Bolsonaro fizeram um estardalhaço com a chegada dos cubanos, alegando que (1) eles estariam tomando as vagas dos brasileiros e que, além disso, (2) eles eram incompetentes. A história mostrou que estavam duplamente enganados: 1- cubanos foram embora e as vagas não foram preenchidas 2- cubanos foram um sucesso de aceitação, competência e exemplo de atendimento humanitário nos locais onde trabalharam; há milhares de relatos que comprovam isso.

Mais Médicos

O Mais Médicos, criado em 2013 pelo governo Dilma para regiões pobres e sem cobertura médica, foi lançado sem a exigência do Revalida, fator motivo de críticas de opositores e da classe médica brasileira.

Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 320 faculdades de medicina e 26 mil médicos graduados em 2018, com previsão de aumento desse contingente em 10% ao ano.

A saída dos médicos cubanos deixou um buraco de 8.517 profissionais que atuavam em 2.824 municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas (DSEI).

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