Espancado por ser gay, jovem desabafa: “Até quando vão nos matar?”
"Quantas vezes mais vou apanhar por conta de uma escolha que eu não fiz?" Chutes no estômago, na cabeça, socos na cara e muita crueldade e covardia. Estudante gay é espancado por um grupo de seis homens
![estudante gay Lucas Acacio de Souza](https://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2018/07/lucas.jpg)
Para “parar de ser veado (sic)”, um estudante homossexual foi espancado por um grupo de seis homens na orla de Santos (SP) na última sexta-feira (6).
Com hematomas pelo corpo, Lucas Acacio de Souza, de 23 anos, publicou um desabafo em uma rede social, que acabou viralizando nas últimas horas. A Polícia Civil investiga o caso.
Lucas e uma amiga, moradores da cidade de São Paulo, estavam no litoral para passar o fim de semana, mas tiveram os planos interrompidos depois de serem surpreendidos pelos agressores, ainda não identificados.
“Tínhamos acabado de sair do mar e fomos ao chuveiro que fica no calçadão, para sair da praia e assistir ao jogo do Brasil. Eu fui pedir um isqueiro para dois caras que estavam sentados próximos, e ali começou tudo: fui xingado e, logo em seguida, mais quatro caras apareceram para me bater”, conta Lucas.
“A minha amiga que viu tudo e me ajuda a lembrar. Eles gritaram para mim: ‘vai ter que apanhar para deixar de ser veadinho’. Foi quando ela foi tirar satisfação, e os seis começaram a me bater”, disse o jovem.
O universitário recebeu socos na cara e no estômago, cotoveladas, joelhadas, além de chutes e tapas. “Eu meio que desmaiei, e foi quando eles fugiram. Teve uma senhora que chamou a polícia, mas nós corremos até a avenida e pegamos um ônibus. E só descemos bem longe dali, com medo e muito assustados”.
Denúncia
A princípio, Lucas estava com medo e queria que o episódio fosse esquecido. No entanto, foi encorajado a denunciar a barbárie tanto na internet como na delegacia de polícia. “Realmente não dá para ficar calado numa situação como essa. Eu fiquei muito machucado, cheio de hematomas. Então, resolvi escrever e fazer um boletim de ocorrência, para que a polícia possa encontrar e punir aqueles caras”.
O texto que ele compartilhou nas redes sociais viralizou e teve milhares de curtidas. Confira trechos:
“No que você está pensando, Lucas? Estou pensando quantas vezes mais eu vou apanhar ou sofrer qualquer tipo de agressão por uma escolha que não fiz […] Eu tenho trejeitos, e aquele grupo logo percebeu. Só não posso concordar que minorias tenham que sofrer repressão da suposta maioria. Tenho família e amigos, e todos ficaram muito preocupados. Essa exposição me deixa com mais medo, mas acho importante, para que crimes como esse não sejam cometidos novamente”
A polícia informou que, como Lucas não consegue identificar os agressores, imagens de câmeras da orla vão ajudar no caso.